Fernando Haddad cultiva dois desejos conflitantes. Sob o impacto da lufada conservadora soprada pelas urnas municipais, disse à repórter Mônica Bergamo que falta à esquerda uma utopia capaz de deter o avanço da extrema direita distópica. Simultaneamente, o ministro petista da Fazenda molha o paletó para demonstrar que não há utopia possível sem um orçamento realista. Neste domingo, com o dólar a pino —R$ 5,869 na cotação da sexta-feira—, Haddad cancelou a viagem que faria à Europa. Ficaria fora do país durante toda a semana. Um contrassenso, pois precisa obter o aval de Lula para o seu pacote de ajuste fiscal nos próximos dias. Do contrário, os cortes ficarão em segundo plano, pois o chefe será absorvido por outras duas prioridades encaixotadas no calendário de novembro: a reunião do G20 e a visita do presidente chinês Xi Jimping. |