O ex-presidente Jair Bolsonaro é um sujeito patético, na acepção mesma de Cecília Meireles no poema "Apresentação", que trata do "patético momento" do eu-lírico. Recorre ao significado que nos apresenta o dicionário. A palavra passou a ser empregada como sinônimo de ridículo, desastrado, o que, por associação de ideias, até é procedente. Mas se perde o núcleo da significação: aquilo que provoca comoção emocional, produzindo um sentimento de piedade. No caso de tal personagem, é fato, a repulsa vem longo depois e anula a sensação anterior. Comentei ontem no "Olha Aqui", neste UOL, e no "É da Coisa", na BandNews FM, a bobajada produzida pelo bolsonarismo sobre a suposta urgência que a eleição de Trump imporia à anistia ao ex-presidente. Houvesse gradações para o impossível, e não há, poder-se-ia dizer que, agora, ela se tornou "ainda mais impossível". Jamais passaria pelo Supremo. Já imaginaram uma corte sensível às pressões de um chefe de Estado estrangeiro ou, pior, de um pistoleiro dos foguetes? |