O ministro Alexandre de Moraes derrubou o sigilo do inquérito sobre o golpe de Estado, e Jair Bolsonaro ficou pelado, no meio do salão, tentando "cobrir suas vergonhas" — para lembrar o Pero Vaz de Caminha e o primeiro texto em português escrito nestas plagas — com desculpas ridículas, esfarrapadas. Mas, seguindo ainda o Pero, o sujeito está "acerca de exibir ridicularias com tanta naturalidade como tem em mostrar o rosto", que é também a sua cara de pau. Estamos diante de uma personalidade política capaz, e a história já demonstrou, de falar qualquer escabrosidade. Se flagrado numa falcatrua ou numa falseta, dirá o que lhe ocorrer na hora. Se mentira, tudo bem. Se nem mesmo verossímil for o troço, tanto faz, E talvez aí resida parte de sua força: o estupefaciente pode congelar o juízo crítico: "Opa! Espere aí. Isso parece tão despropositado! Será que estou perdendo alguma coisa ou que algum aspecto da realidade me escapa? Ele teria coragem de mentir assim, tão escancaradamente?" |