Às vésperas das eleições, um levantamento do Datafolha mostrou que aumentou a percepção dos brasileiros de que há racismo no país. Em 2022, 83,4% consideram a sua existência; em 2017, o índice era de 70%. O dado vai ao encontro do comportamento digital no país, cuja maioria da população se autodeclara negra. Segundo dados obtidos com exclusividade por Tilt, o Brasil é o 5º país no mundo que mais buscou por "racismo" no Google nos últimos 12 meses. Entre 2019 e 2022, a busca pelo termo foi 40% maior do que no período anterior (de 2016 a 2019). O advogado e professor Silvio Almeida explica a Nós Negros que a repercussão de acontecimentos nos últimos anos como o assassinato de George Floyd e João Alberto, em 2020, e a reascensão do movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam, em tradução livre), despertaram este movimento em uma parcela maior de pessoas. Para ele, há mais pessoas querendo entender melhor o racismo e quais são os mecanismos que reproduzem a discriminação racial. "Os casos envolvendo discriminação racial têm tido uma cobertura midiática mais ampla. Todas essas situações levaram a uma visibilidade da questão racial", Silvio Almeida, advogado O levantamento foi realizado a pedido do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e da Raps (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade) e ouviu 2.100 pessoas em todo o país entre 3 e 13 de agosto. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa do Datafolha está em linha com outros estudos realizados recentemente. No começo do ano, outro levantamento realizado pelo instituto de pesquisa Ideia, com exclusividade para o UOL, mostrou, contudo, que 98,5% dos entrevistados admitem que existe racismo no Brasil — 81,6% consideram que há "muito racismo" no país - , mas grande parte das pessoas não reconhece o seu próprio racismo: 85% se consideram "nada racistas". Pela primeira vez, o número de candidatos negros (49,6%) supera o de brancos (48,9%), segundo dados do TSE. Ainda assim, dados de prestação de contas do TSE mostram que os candidatos negros receberam cerca de 25% dos recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha. Segundo o TSE, as agremiações são livres para decidir internamente como distribuirão os recursos entre os candidatos, contanto que ao menos 30% dos recursos sejam para candidatas mulheres e que haja observância à proporcionalidade de negros. No pleito eleitoral, a pauta racial ainda é pouco abordada. Nenhum candidato mencionou propostas, por exemplo, no primeiro debate entre os presidenciáveis, como mostraram os colunistas Chico Alves, Anielle Franco e Edu Carvalho. *** PIONEIRA... A escritora Maria Firmina dos Reis, a primeira romancista negra do Brasil, foi a escolhida para ser homenageada na FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty). A escritora é a primeira mulher negra a receber uma homenagem no evento. SOLIDARIEDADE... Cassiano Silva, filho do ex-jogador do Vasco Josué Benedito, está seguindo os passos do pai no apoio às pessoas em situação de rua. O empresário criou um projeto que oferece banho, kits de higiene e comida em Recife (PE). Com o aumento da fome no país, Ecoa explica quais os diferentes tipos de insegurança alimentar. ESPOSAS DE ALUGUEL... Com o aumento do desemprego, o grupo "Esposas de Aluguel" foi criado para reunir profissionais autônomos negros, indígenas e LGBTQIA+ que oferecem serviços de manutenção residencial e comercial. Uma reportagem do Desenrola e Não me Enrola conta a história. *** PUBLICIDADE | | |