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Chico Alves

REPORTAGEM

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Montenegro explica números diferentes da pesquisa Ipec para a Quaest

Os presidenciáveis Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) - Ricardo Stuckert Clauber e Cleber Caetano/PR
Os presidenciáveis Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) Imagem: Ricardo Stuckert Clauber e Cleber Caetano/PR

Colunista do UOL

14/09/2022 14h39

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Dois dias após o Ipec ter divulgado pesquisa de intenção de voto para presidente em que Luiz Inácio Lula da Silva amplia de 13 para 15 pontos a diferença para Jair Bolsonaro, o levantamento do instituto Quaest, publicado hoje, traz resultado bem diferente. Segundo essa pesquisa, a dianteira de Lula sobre Bolsonaro diminuiu de 10 para 8 pontos.

Para Carlos Augusto Montenegro, acionista minoritário do Ipec e um dos maiores especialistas brasileiros no assunto, a explicação do fato está na adoção de parâmetros diferentes. "Cada instituto tem a sua metodologia", diz ele. "Mas em ambos estabilidade se mantém: no Ipec, Lula tem 51% dos votos válidos e na pesquisa Quaest tem 48%. A diferença está na margem de erro".

Quanto às intenções de voto expressas em cada pesquisa, Montenegro indica uma diferença importante nos métodos. Enquanto o Ipec define em 57% a faixa de eleitores que ganham até dois salários mínimos, para o Quaest essa parcela de brasileiros é de 38%. Como nessa faixa de renda há predominância de votos em Lula, isso causa muita diferença de uma pesquisa para outra.

"Há algum tempo não temos censo e isso é ruim. Mas para traçar o perfil dos brasileiros nós nos baseamos na PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), dados do Tribunal Superior Eleitoral e levantamentos socioeconômicos realizados por nós", explica o acionista do Ipec.

Motenegro identifica diferença grande também em outro extrato da população. O Instituto Quaest estima em 22% a fatia de brasileiros que ganha acima de cinco salários mínimos, enquanto o Ipec estabeleceu como base que essa parcela é de 15%. "Nessa faixa, nos dois institutos, Bolsonaro tem cerca de 10 pontos à frente de Lula. O problema é que para o Quaest o peso desses eleitores é maior, o que resulta em número mais favorável para Bolsonaro do que aquele que registramos em nossa pesquisa", afirmou à coluna.

Para ele, o cenário de estabilidade indica que a eleição vai ser decidida por fatores como voto útil, abstenção e voto escondido (também chamado de voto envergonhado). "Antes, o voto oculto era na direita. Ultimamente esse voto escondido está mais na esquerda e no Lula", explica.

De acordo com Montenegro, a situação continua muito difícil para o atual presidente. "A rejeição a Bolsonaro se mantém igual, o nível de aprovação do governo dele é parecido e, mais importante, no segundo turno ele aparece com muito menos votos do que Lula tem no primeiro", detalha. "Ele não consegue avançar".

Carlos Augusto Montenegro ficou várias décadas à frente do Ibope, o mais conhecido instituto brasileiro de pesquisa de opinião, até o fim da operação, em janeiro de 2021. A partir daí foi criado o sucessor o Instituto Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica), no qual Montenegro é um dos sócios minoritários.