Zélia Duncan: 'Rita Lee, você é imortal para nós, meu amor'
A Rita levou meu sorriso...e agora? Não sei vocês, mas cresci por causa de Rita Lee. Ela me fez entender um pedaço do mundo, logo na primeira temporada da minha vida. Me ensinou que ser diferente é normal, que a alegria ameniza as dores do mundo. Que a música nos proporciona emoções mutantes e que precisamos mudar por dentro para transformar por fora. Mais tarde, me ensinou que cantar com Os Mutantes era cantar com ela. Que cantar com ela era chegar em casa. Que assisti-la no palco era se sentir invencível, inteligente e do lado mais potente da saúde. Seguir sem ela é seguir cabreira, sem eira nem beira, feito barata tonta...
Conheci Rita quando gravei Lá Vou Eu, mas ela, a autora, já estava gravada dentro de mim há tempos. Guardo na minha Shangrilá grandes e doces momentos, dentro e fora do palco, momentos que nunca envelhecem. Tanta música...E claro, algumas tristezas, porque nada consegue ser só bom. Uma vez cheguei para cantar com Rita e a encontrei chorando muito. Fiquei desnorteada. Rita não chora no mundo que ela criou para mim. Entretanto a rainha do Brasil estava desprevenida, quando um jornalista disse que seu tempo tinha passado. Isso faz anos. Quem era ele mesmo? Não lembro, ficou no passado que apontava na imensa artista atemporal. Mas afinal, foi ela que nos ensinou a não ouvir lero-lero. Logo enxugou o rosto e voltou para o posto de Santa Rita de Sampa!
Um dia ela sumiu de mim, depois de tanta coisa boa que vivemos. Doeu, mas sempre comemorei e comemorarei nosso encontro, que até virou refrão na boca do povo. Eu queria ter segurado sua mão até o fim, Ritz, como você segurou a minha, mesmo sem saber, desde sempre. Eu queria mais, muito mais tempo, muito mais nós e muito mais você. Porque a gente tem essa mania de você como um antídoto, um remédio, uma arma secreta. Nós, que crescemos consultando suas músicas como uma salvação, um oráculo que jamais falhou. Suas façanhas musicais sempre foram cúmplices da nossa juventude, sempre nos deram a mão, quando não sentíamos os pés no chão e não tínhamos lugar para aterrissar.
Tô oca. Vontade de te ligar e de você atender. Eu diria: 'Rita, você tinha razão em tudo. Tá cada vez mais down o high society e juro que é melhor não ser o normal!' Obrigada por cada palavra, cada melodia, cada pensamento, cada ousadia. Obrigada por ser criança, filósofa e roqueira desaforada. Por ter aberto tantos caminhos para as mulheres que vieram depois. Por tantos chamados aos quais eu pude responder. Sua força nunca foi bruta, sua força é mágica, é infinita.
Se eles rezam muito, você é nosso o céu! Olha por nós, menina bonita…Então nem luxo, nem lixo, você é imortal para nós, meu amor.
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