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Rogério Rosso, do PMDB, toma posse como 4º governador do DF em 2 meses e descarta intervenção

Camila Campanerut<br>Do UOL Notícias*

Em Brasíla

19/04/2010 11h04

Atualizada às 11h26

Rogério Rosso e Ivelise Longhi, ambos do PMDB, tomam posse na manhã desta segunda-feira (19) como governador e vice do Distrito Federal para o mandato-tampão que se encerra em 31 de dezembro. A cerimônia acontece na Câmara Legislativa, onde foi realizada neste sábado (17) a votação indireta que elegeu o novo governador.

Ao passar a faixa para Rosso, o governador interino Wilson Lima ofereceu apoio ao sucessor e não demonstrou abalo por ter perdido a eleição para o peemedebista. “Saio de cabeça erguida e, com meus colegas, vamos dar sustentação ao novo governador (...) Muito sucesso e contem comigo como pessoa e como presidente desta Casa”, disse Lima, que volta ao cargo de presidente da Câmara Legislativa do DF.

Advogado, suplente de deputado federal, Rosso presidiu a Companhia de Planejamento do DF (Codeplan) durante o governo de José Roberto Arruda (sem partido). O órgão é alvo de denúncias na Justiça e de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) na Câmara Legislativa por irregularidades em contratos de licitação na gestão de Durval Bargosa, principal delator do esquema de corrupção conhecido como mensalão do DEM. As primeiras denúncias surgiram justamente durante a gestão de Rosso.

Rosso também participou da gestão de Joaquim Roriz. Foi administrator de Ceilândia e secretário de Desenvolvimento Econômico. Foi dele a ideia – não concretizada – de construir um trem-bala ligando Brasília a Goiânia. Hoje, Rosso é ligado ao deputado federal e presidente do PMDB-DF, Tadeu Filippelli.

Após a contagem de votos, no sábado, Rosso afirmou que sua primeira tarefa como governador será reduzir imediatamente o número de cargos comissionados e de outras despesas, além de dar continuidade às obras e serviços, “desde que regularmente contratados”. Rosso disse ainda que pretende mostrar ao Judiciário que será desnecessária a intervenção federal, uma vez que, na avaliação dele, a ordem já sendo estabelecida nos Poderes Executivo e Legislativo.

Deputados federais e senadores de diferentes partidos participam da posse de Rosso: o novo presidente regional do DEM, o senador Adelmir Santana; o ex-governador interino e deputado distrital, Wilson Lima (PR); o ex-ministro do Esporte e pré-candidato do PT ao governo nas eleições de dezembro, Agnelo Queiroz e o deputado federal Geraldo Magela (PT).

Rosso é o quarto a comandar o governo do DF, após a série de escândalos da gestão de José Roberto Arruda, envolvendo o próprio ex-governador, deputados distritais, além de servidores e prestadores de serviço do governo. As denúncias de corrupção, que ficaram conhecidas como mensalão do DEM, se referiam ao esquema de pagamento de propina aos envolvidos.

Em 11 de fevereiro, Arruda foi preso, acusado de tentar atrapalhar as investigações sobre o caso, ao tentar, segundo a Justiça, subornar uma testemunha, o jornalista Edmilson Edson Santos, o Sombra.

Com a prisão dele, assumiu o governo é o então vice-governador, Paulo Octavio, que renunciou ao cargo 12 dias depois. Seguindo a hierarquia, tomou posse o presidente da Câmara Legislativa, que, na ocasião, era o deputado Wilson Lima (PR) – que havia sido eleito pelos seus pares para substituir o ex-presidente, deputado Leonardo Prudente (sem partido, ex-DEM), flagrado em vídeo colocando somas de dinheiro nas meias e nos bolsos do paletó.

Prudente se licenciou e depois renunciou para se livrar da cassação. A mesma estratégia foi adotada por Júnior Brunelli (PSC) – filmado fazendo a chamada “oração da propina”. Outro parlamentar em processo de cassação na Câmara é a distrital Eurides Brito (PMDB), que também teve uma conversa gravada em vídeo, em que recebe dinheiro e o guarda na bolsa.

Dos atuais 24 deputados da Câmara, há ainda oito que foram citados no inquérito da Polícia Federal sobre o caso. São eles Aylton Gomes (PR), Benedito Domingos (PP), Benício Tavares (PMDB), Eurides Brito (PMDB), Rogério Ulysses (sem partido), Roney Nemer (PMDB), Pedro do Ovo (PRP) e Geraldo Naves (sem partido, ex-DEM), que ficou preso por cerca de dois meses pelo mesmo motivo que Arruda. Todos estes deputados votaram em Rosso.

O novo governador é casado com Karina Curi, filha de um dos maiores empresários da cidade, dono da Curinga dos Pneus.

* Com informações da Agência Brasil