Governo Lula tem menor apoio em votações no Congresso desde a posse, diz estudo; PSOL e PSDB lideram oposição
O apoio médio dos partidos ao governo atingiu a menor marca da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Neste ano, as legendas apoiaram 45,19% das votações patrocinadas pelo Planalto, enquanto em 16,61% ficaram contra.
O melhor ano foi 2003 (primeiro ano do primeiro mandato de Lula), quando o apoio dos parlamentares às votações de interesse do governo atingiram 63%, contra 19,17% de votos contrários. Os resultados fazem parte de um levantamento da consultoria política Arko Advice sobre o comportamento dos partidos desde 2003.
Na avaliação dos cientistas políticos Murillo de Aragão e Cristiano Noronha, responsáveis pelo estudo, a queda no apoio ao governo se deve, em parte, pela ausência de um grande número de parlamentares nas votações, especialmente em 2008, ano das eleições municipais.
A perspectiva é de que o mesmo volte a ocorrer no segundo semestre, quando deputados federais e senadores retornam aos Estados para acelerar a campanha eleitoral de outubro.
Tendo como base o ano de 2008, por exemplo, apesar da redução do apoio às propostas vindas do Palácio do Planalto, o governo teve sucesso na maioria das votações: das 112 analisadas na pesquisa, o governo perdeu 51.
Já entre os três principais partidos da oposição (PSDB, DEM e PPS), os tucanos continuam sendo os mais oposicionistas ao governo Lula, tanto na Câmara como no Senado. A estratégia utilizada entre esses congressistas variou entre ausências e obstruções para dificultar a aprovação das propostas apoiadas pelo Planalto. O PSOL é o mais oposicionista, com quase 37% de votos contrários aos projetos do governo.
Votações por partido na Câmara e no Senado em 2010
Partido | A favor | Contra | Ausentes | Abstenções |
DEM | 18.87% | 25.802% | 42.105% | 0.385% |
PCdoB | 62.202% | 11.905% | 25.893% | 0% |
PDT | 56.832% | 15.839% | 26.242% | 0.311% |
PHS | 57.143% | 16.667% | 26.19% | 0% |
PMDB | 51.169% | 11.694% | 35.726% | 0.242% |
PMN | 53.571% | 13.095% | 33.333% | 0% |
PP | 53.016% | 13.437% | 32.998% | 0.183% |
PPS | 19.286% | 23.095% | 49.762% | 0.714% |
PR | 50.579% | 10% | 38.43% | 0.331% |
PRB | 54.167% | 14.352% | 31.481% | 0% |
PSB | 50.926% | 15.212% | 32.937% | 0.265% |
PSC | 53.125% | 17.857% | 29.018% | 0% |
PSDB | 18.516% | 32.17% | 38.965% | 0.187% |
PSOL | 51.19% | 36.905% | 8.333% | 0% |
PT | 61.556% | 9.346% | 28.683% | 0.276% |
PTB | 50.533% | 14.612% | 33.638% | 0.304% |
PTC | 35.526% | 26.316% | 26.316% | 0% |
PTdoB | 42.857% | 14.286% | 42.857% | 0% |
PV | 48.544% | 16.262% | 34.466% | 0% |
- Fonte: Akro consultoria, com base nos projetos apoiados pelo governo federal
PCdoB mais fiel a Lula que o PT
Dos partidos da base governista no Senado, o PCdoB (aliado histórico de Lula e do PT) mostrou ser o mais fiel em 2010, com índice de adesão de 62,2% nas votações. Na sequência, aparece o PT, com 61,55%; o pequeno PHS vem em terceiro com 57,13% e o PDT apresentou 56,83%. E mesmo entre os menos fiéis, a média de aprovação de propostas governistas ainda está em cerca de 50% na Casa.
Se comparado o primeiro mandato de Lula (2003-2007) com o segundo (2007-2011), o apoio dos peemedebistas cresceu de 56,9% para 63,7% no Congresso. Os números indicam a proximidade entre o partido e o governo federal. O presidente nacional do PMDB, o deputado federal e presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (SP), é o vice na chapa presidencial da petista Dilma Rousseff. O PMDB tem a maior bancada nas duas Casas, com 18 senadores e 90 deputados.
O fato de o PMDB ter conquistado mais ministérios no governo Lula pode ter incentivado a mudança de comportamento dos parlamentares, de acordo com o estudo. O PMDB saltou de três para seis pastas ao final do governo Lula, no comando dos Ministérios da Agricultura, Comunicações, Defesa, Integração Social, Minas e Energia e Saúde.
Outro partido da base lulista que aumentou sua "fidelidade" nas votações na Câmara e no Senado foi o PDT: a votação favorável dos pedetistas ao governo cresceu de 44,6% para 69,84% do primeiro para o segundo mandato.
Para o cientista político e professor da UnB Leandro Barreto, o que mais pesa para as legendas no momento de apoiar ou não o governo é o controle que o Executivo tem do Orçamento da União para distribuí-lo em forma de emendas para os parlamentares beneficiarem seus Estados.
"Os parlamentares aprovam o Orçamento, aprovam as emendas e esperam o Executivo para inaugurar alguma obra em seus Estados. E o Executivo fala: 'eu executo desde que tenha um bom comportamento no Congresso'. Mas o governo só executa se quiser. Isso gera um jogo de barganha", avalia.
Barreto destacou ainda que a orientação dos deputados e senadores passa a ter mais autonomia e a defender menos a coligação partidária (e mais os interesses regionais) em questões como a distribuição dos futuros lucros da produção de petróleo da camada pré-sal. O especialista ressalta que, neste caso, os eleitores têm o maior peso nas decisões.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.