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Em nota, Nascimento autoriza quebra de sigilos bancário e fiscal

Fábio Brandt e Maurício Savarese<BR>Do UOL Notícias<BR>Em Brasília

06/07/2011 17h23

O Ministério dos Transportes divulgou nota na tarde desta quarta-feira (6) para afastar a hipótese de que o ministro Alfredo Nascimento (PR-AM) teria sido demitido do cargo. O clima no Congresso era de que Nascimento não tinha mais condições de ocupar o cargo por conta da divulgação de supostos esquemas de corrupção em sua pasta.

O comunicado do Ministério dos Transportes diz que Nascimento tem “determinação de colaborar espontaneamente para o esclarecimento cabal das suspeitas” e vai “encaminhar requerimento à Procuradoria-Geral da República pedindo a abertura de investigação e autorizando a quebra dos seus sigilos bancário e fiscal”. A nota diz ainda que o ex-ministro reassumirá sua vaga de senador e a presidência de seu partido, o PR (Partido da República).

Neste momento, a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) está reunida com os senadores Magno Malta (PR-ES) e Clésio Andrade (PR-MG) no Palácio do Planalto para discutir a situação. Outros senadores do PR estiveram no encontro e já foram embora.

“A confiança do partido nele continua, a não ser que haja algo feito no ministério que o desabone. Aí será necessário pedir perdão ao Brasil”, disse o senador Magno Malta (PR-ES) antes de o ministro confirmar que deixaria o cargo. Para Lincoln Portela (PR-MG), líder do PR na Câmara, “não há nome” para substituir a “competência, experiência e liderança” de Nascimento.

CPI

No Congresso, a oposição tenta abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o caso no Ministério dos Transportes.

"Isso [a saída do ministro] não encerra o problema. As investigações têm de continuar”, afirmou o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) após a confirmação da saída de Nascimento do Ministério. Dias também admitiu que o pedido de CPI pode esfriar com a saída de Nascimento e cobrou participação do Ministério público nas investigações. “Nós não somos ingênuos, sabemos que isso afeta as chances de uma CPI. Faltavam quatro assinaturas e agora imagino que haja quem recue”, disse.

O caso

No último sábado (2) a revista “Veja” relatou suposto esquema de propinas no Ministério dos Transportes que beneficiariam o PR –partido ao qual pertence o ministro Alfredo Nascimento e que comanda a pasta desde o governo Lula.

Segundo a revista, o esquema envolveria o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e a Valec –órgãos submetidos ao Ministério dos Transportes. No sábado mesmo, a presidente Dilma Rousseff afastou quatro dirigentes da cúpula do Ministério, incluindo Luís Antônio Pagot, diretor-geral do Dnit e José Francisco das Neves, diretor-presidente da Valec. Os outros afastados são Mauro Barbosa da Silva, chefe de gabinete de Nascimento, e Luís Tito Bonvini, assessor do gabinete do ministro.

A situação de Nascimento se agravou nesta terça. O jornal “O Globo” divulgou caso em que o Ministério Público investiga suposto enriquecimento ilícito do filho do ministro, Gustavo Morais Pereira, de 27 anos. Segundo a reportagem, o patrimônio de sua empresa, a Forma Construções, aumentou 86.500% em dois anos beneficiando-se, supostamente, do esquema no Ministério.