"Escolhas políticas não desmerecem nenhum governo", diz Dilma a novo ministro
Ao dar posse ao deputado federal Gastão Vieira (PMDB-MA) como ministro do Turismo, nesta sexta-feira (16), a presidente Dilma Rousseff minimizou a escolha política do nome. Vieira foi indicado para o cargo pelo padrinho político e presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
“Eu queria dizer que escolhas políticas não desmerecem nenhum governo. É com políticos e com partidos políticos, com técnicos e com especialistas que se governa um país tão complexo como o nosso Brasil. A política bem exercida é uma atividade nobre e imprescindível à sociedade” , disse a presidente. Ontem, Vieira havia afirmado que a proximidade com Sarney não iria prejudicar em nada a atuação dele na pasta.
Dilma ressaltou que assumir o Turismo neste momento é um desafio frente aos três grandes eventos que ocorrerão no país nos próximos anos: Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olimpíadas.
Para a presidente, o desafio é estruturar uma indústria que recebeu atenção apenas nos últimos anos. "Eu tenho certo que uma pessoa que vem da área da educação tem uma grande contribuição a dar”, afirmou. “Turismo é serviço e a questão da qualidade desta oferta e da formação faz toda a diferença.”
A presidente, que agradeceu o antecessor Pedro Novais, disse ter certeza que o ministro vai honrar seus colegas e familiares na nova função.
Vieira substituiu Pedro Novais (PMDB-MA), que pediu demissão da pasta na última quarta-feira após reportagens da Folha de S.Paulo que revelaram o uso de funcionários pagos com dinheiro público em atividades particulares.
Em seu discurso, Vieira agradeceu a Dilma pela cerimônia simples e agradeceu ao partido pela indicação. “Eu, assustadíssimo, recebi o convite. Eu estava com tanto medo que, mesmo que eu quisesse, não poderia dizer não”, afirmou.
Perfil
No quinto mandato como deputado federal, o advogado e mestre em direito Gastão Vieira, 65, tem trajetória na área de educação e dedicou-se, em geral, a assuntos regionais. Por duas vezes, Gastão Vieira se licenciou para assumir as secretarias estaduais de Educação e Planejamento, no Maranhão. Na última ocasião em que se licenciou, em 2009, foi secretário durante a gestão da governadora do Maranhão, Roseana Sarney.
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O novo ministro é descrito pelos parlamentares como discreto e distante das articulações de bastidores e políticas. Desde que começou na política, nos anos 80, Gastão Vieira se manteve a maior parte do tempo fiel ao PMDB, embora tenha passado rapidamente pelo PSC. Na Câmara, ele se destacou atuando nas negociações do Plano Nacional de Educação, nos debates sobre a proposta que definiu a proibição do uso de castigos corporais como método educativo e nas articulações para alterar a lei de seguridade social.
Em falas no plenário da Câmara, Vieira criticou duramente o esquema do mensalão, que envolve diversos dirigentes do PT, partido de Dilma. Para ele, foi um "caso de corrupção sem paralelo na história republicana brasileira".
Entenda
O nome de Gastão Vieira como substituto de Pedro Novais foi confirmado no final da noite de quarta-feira (14). Novais não resistiu às pressões depois de uma série de acusações de irregularidades que culminaram com reportagens que mostraram que ele pagou com dinheiro público por serviços de uma empregada e de um motorista particulares.
Quinto ministro de Dilma Rousseff a cair em nove meses de governo --sendo o quarto por acusações de irregularidades, junto com Antonio Palocci (ex-Casa Civil), Alfredo Nascimento (ex-Transportes) e Wagner Rossi (ex-Agricultura)--Novais já estava fragilizado depois de uma devassa na pasta, realizada pela Polícia Federal, contra ações fraudulentas em convênios firmados pelo ministério. Mais de 30 pessoas com ligação direta ou indireta ao ministério foram presas e denunciadas pelo Ministério Público.
Entre os presos estão o agora ex-secretário-executivo do ministério, Frederico Silva da Costa. Novais o manteve depois de anos trabalhando para os ex-ministros Marta Suplicy e Luiz Barreto, ambos do PT. Também foram detidos o secretário nacional de Desenvolvimento de Programas de Turismo, Colbert Martins da Silva Filho, e Mario Moysés, ex-presidente da Embratur, além de empresários e funcionários do ministério.
Os últimos capítulos da passagem de Novais pelo governo se deram com explicações pouco convincentes na Câmara dos Deputados e no Senado. Ali, ele admitiu que poderia haver irregularidades em sua gestão e prometeu corrigi-las.
Outras irregularidades
Novais já começou fragilizado no cargo. Antes mesmo de assumir o Turismo, por indicação de Henrique Alves (PMDB) e do grupo do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o deputado octogenário enfrentava a acusação de ter usado verba indenizatória para pagar um motel em São Luís (MA). Na posse, ele chorou e negou qualquer irregularidade.
Em junho deste ano, Novais firmou seu maior convênio até então, de R$ 20 milhões: deu financiamento à Via Expressa de São Luís, que ligará duas avenidas da capital maranhense –seu reduto eleitoral –, embora a obra pouco tenha de turística. Os outros acordos assinados pelo ministro não chegavam à metade desse número. Em agosto, chegou-se ao total de R$ 351 milhões em gastos com obras que nada têm a ver com a pasta, segundo o jornal “Folha de S.Paulo”.
Apesar da prestigiada indicação de Sarney para ocupar o cargo, Novais só foi recebido por Dilma em julho, para uma curta audiência. Depois de fazer fama como gestora, a presidente não escondeu que considerava o peemedebista pouco habilitado para o cargo.
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