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"Não vamos aceitar que alguém seja condenado sumariamente", diz Dilma após reunião com Orlando Silva

Camila Campanerut e Maurício Savarese<br>Do UOL Notícias

Em Brasília

21/10/2011 21h29

Após a reunião com o ministro do Esporte, Orlando Silva, a presidente Dilma Rousseff disse em nota que o governo “não condena ninguém sem provas e parte do princípio civilizatório da presunção da inocência”. “Não lutamos inutilmente para acabar com o arbítrio e não vamos aceitar que alguém seja condenado sumariamente."
 
Pressionado por denúncias de corrupção, o ministro do Esporte conseguiu nesta sexta-feira (21) se manter no cargo. Ele se disse “confiante e seguro” para continuar no comando da organização da Copa do Mundo de 2014 e que a titular do Palácio do Planalto está “tranquila” com suas explicações depois de ele ser acusado de desviar recursos públicos para abastecer o caixa eleitoral do PCdoB.

"Nós esclarecemos todos os fatos. Trata-se de uma mentira, de uma farsa. Vamos trazer a verdade à tona", disse Orlando Silva em entrevista coletiva ao deixar o encontro. "Se houver algum tipo de desvio, algum tipo de mal feito, isso deve ser corrigido, deve ser combatido. Aliás, registrem: os caluniadores que me atacam neste momento, o fazem  porque nós combatemos o mal feito realizado por eles."

Ministro do Esporte usa programa do PCdoB para se defender de acusações

 
Silva disse que a presidente reafirmou a confiança em sua gestão e se disse “confiante e seguro” para continuar desempenhando suas tarefas a frente do governo. Questionado se cogitou sair do cargo, respondeu: “Eu não entendo o porquê da pergunta. Só houve especulação sobre isso. A presidente se mostrou tranquila e atenta às minhas explicações”.

O ministro minimizou comentários de dirigentes da Fifa feitos nesta manhã sobre a possibilidade de “um novo interlocutor” no governo brasileiro. Para Silva, o governo e as entidades esportivas “vão convergir em alguns momentos e divergir em outros”.

"As posições que defendo não são posições apenas do ministro ou do ministério, são posições do governo, que insisto, que às vezes, pode ser convergentes e por vezes ser divergentes, mas se trata de cumprir compromissos, garantias estabelecidas em contratos, em acordos, o que nos dá absoluta tranquilidade na condução deste processo", alegou.

Essa foi a primeira vez que Orlando Silva e Dilma se reuniram pessoalmente após as acusações. A presidente voltou da África ontem e acompanhou à distância os depoimentos do ministro a comissões da Câmara dos Deputados e do Senado. Também colheu as opiniões de alguns ministros, como José Eduardo Cardozo (Justiça) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais).
 
As acusações contra Silva começaram no último fim de semana, com reportagem da revista “Veja” sobre o policial militar João Dias, que acusou o ministro de integrar um esquema de desvio de verbas do programa Segundo Tempo, iniciado na gestão de Agnelo Queiroz, atual governador do Distrito Federal. O próprio ministério já tinha reconhecido convênios irregulares com ONGs, mas nunca com envolvimento do ministro. Para a edição deste fim de semana da revista, o acusador do ministro, João Dias, prometeu provas contra a cúpula do ministério.

Antes da reunião com a presidente, Silva divulgou no site do ministério uma nota para rebater acusações divulgadas nos últimos dias contra ele e seu partido, o PCdoB. Ele repetiu que está sendo alvo de "ampla campanha caluniosa" e que a mídia tem publicado "argumentos falsos" sobre sua gestão na pasta.