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Congresso precisa dar chance para Dilma governar, diz senador Pedro Simon

Maurício Savarese

Do UOL, em Brasília

22/03/2012 18h09Atualizada em 22/03/2012 18h15

Em meio às tensões entre o governo federal e o Congresso, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) subiu à tribuna nesta quinta-feira (22) para criticar colegas, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e defender que a atual ocupante do Palácio do Planalto, Dilma Rousseff, merece uma chance para trabalhar independentemente de pressões sem “ética e seriedade”.

No discurso, Simon se referiu a exigências feitas por seu próprio partido e pelo neo oposicionista PR para ampliar suas participações no governo, sob a ameaça de interditar no Congresso a votação da Lei Geral da Copa do Mundo de 2014 e de impor sucessivas derrotas à presidente. Na quarta-feira (21), com a ajuda desses e de outros partidos, o Palácio do Planalto foi derrotado em várias frentes.

A principal delas foi, após meses de impasse, o novo adiamento da decisão sobre a lei da Copa –uma exigência da Fifa para a realização do mundial no Brasil. Convocações de ministros estiveram na pauta dos dissidentes, assim como a cobrança por uma data para votar em plenário o novo Código Florestal. O veterano senador culpou as lideranças partidárias pelo impasse.

“Não dá para governar assim. A presidente tem de ter chance de governar tendo em vista o bem comum”, afirmou Simon. Ele disse ainda que a cobrança explícita de parlamentares por benesses junto ao governo “é triste” e que em outros tempos “ser líder [de partido] não era isso, não”.

Na semana passada, o líder do PR no Senado, Blairo Maggi (MT), disse que se cansou de negociar com o governo a chefia do Ministério dos Transportes. Dias antes, rebeldes de vários partidos no Senado recusaram a indicação do diretor-geral da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), em retaliação à falta de diálogo com Dilma. Na Câmara, peemedebistas pediram independência.

“Governabilidade é importante. Fazer parte do governo ou da oposição é mais importante. Mas vamos inventar motivos com mais ética e seriedade”, disse o senador, ainda em referência à crise política.

Simon afirmou ainda que Gleisi, a principal assessora da presidente, “não tem condições” de ser “a Dilma da Dilma”. “No governo Lula, a Dilma podia tocar porque o Lula estava na retaguarda garantindo na área política”, disse. Mas criticou o petista por repassar à sucessora um ministério controverso, com políticos que mais tarde seriam afastados por suspeitas de corrupção.

"Se a presidente pegasse numa mão o ministério com o qual assumiu a Presidência, e em outra o do presidente João Goulart no momento em que foi deposto, e visse a diferença...", disse. "Um era de notáveis. E o outro, metade não deveria estar lá."