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Advogado de Demóstenes volta a falar em "massacre" e pede que Senado não casse o senador

Do UOL, em São Paulo e Brasília*

11/07/2012 12h38Atualizada em 11/07/2012 13h07

Em sua fala na tribuna do Senado nesta quarta-feira (11), o advogado de defesa de Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse que o senador é vítima de um “massacre” e afirmou ter confiança  que o Senado não cassará o parlamentar, envolvido em escândalo de corrupção com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. "Vejam vossas excelências como é difícil enfrentar esse massacre que sofreu o senador", disse o defensor.

"Quando ganharmos no Supremo, se houvesse aqui a cassação, seria necessário pensar: é ético cassar um senador eleito com mais de 2 milhões de votos com base em prova ilegal?", questionou Kakay em sua exposição. Ele referia-se aos grampos da Polícia Federal, que, segundo ele, foram obtidos de forma ilegal.

Segundo Kakay, Demóstenes nunca disse que mentiu. "Qual foi a notícia do outro dia? 'Demóstenes Torres defende que mentir é possível'. Essa é a realidade", afirmou, criticando a imprensa.
 
O advogado citou ainda "vazamentos criminosos" que, segundo ele, ocorreram durante três meses.
 
Ao final, ele apelou que o Senado não casse seu cliente, elogiando a "grandeza" da Casa. "A grandeza do Senado é não permitir o pré-julgamento. A Constituição prevê o voto secreto. Mas tenho dito! Em homenagem a vossas excelências, digo que a discussão se beneficiaria ou não meu cliente é injuriosa à casa. 
 
"Me apego ao que diz O MP e a PF. Não há nos autos nenhum envolvimento da dita quadrilha com o senador. O que se espera desse Senado é o que está se fazendo agora. Não é cassar ou não cassar, o Senado é maior que esse resultado. Não será a manchete de amanhã que determinará o tamanho desse Senado", concluiu. 
 
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O advogado falou por cerca de 15 minutos. Em seguida, subiu à tribuna o próprio Demóstenes, que terá 35 minutos para argumentar em seu favor. Logo após a defesa, o presidente José Sarney deverá colocar em votação, secreta, o projeto que impõe a perda de mandato a Demóstenes.
 

Entenda o caso


O processo contra o parlamentar goiano é resultado de uma representação do PSOL analisada e aprovada por unanimidade no Conselho de Ética e que também ganhou o atestado de legalidade na CCJ. Entre as acusações que pesam contra ele (veja abaixo), estão ter recebido dinheiro e ter favorecido os interesses de Cachoeira enquanto exercia seu mandato como senador. Se for cassado, o ex-líder do DEM ficará inelegível até 2027 (oito anos após o fim da legislatura para o qual foi eleito), quando terá 66 anos.


Para se defender, desde o dia 2 de julho, Demóstenes Torres tem falado na tribuna do plenário do Senado para expor seus argumentos, enfatizando sobretudo que o processo contra ele baseou-se em escutas ilegais, que os trechos de conversas grampeadas divulgadas foram “editadas” e que, ele não se beneficiou com a amizade com Cachoeira nem ajudou em projetos de interesse do bicheiro.


Na história do Senado, até hoje, apenas um senador teve o mandato cassado pelo plenário, Luiz Estêvão (PMDB-DF), em junho de 2000, por ter mentido aos colegas sobre seu envolvimento dele no escândalo de superfaturamento das obras do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo.


A última vez que os senadores votaram uma cassação em plenário foi em 2007, quando o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), foi liberado da acusação de quebra de decoro por ter utilizado recursos da construtora Mendes Júnior para pagar despesas pessoais, como aluguel e pensão alimentícia à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha.


* Com informações de Camila Campanerut