Um dia após Justiça mandar soltar Cachoeira, CPI apresenta relatório e deve pedir indiciamento de ao menos 20 pessoas
Um dia após uma juíza do Distrito Federal ter determinado a soltura do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, a CPI que investiga o caso apresenta seu relatório no Congresso Nacional.
Réus que ficaram em silêncio na CPI
Carlinhos Cachoeira | Contraventor |
Idalberto Matias de Araújo | Ex-sargento da Aeronáutica, conhecido como Dadá, tido como auxiliar de Cachoeira |
Jairo Martins de Souza | Tido como auxiliar de Cachoeira |
Cláudio Abreu | Ex-diretor da Delta no Centro-Oeste |
José Olímpio de Queiroga Neto | apontado como um dos integrantes da organização liderada por Cachoeira |
Rodrigo Moral Dall Agnol | Contador da Delta |
Gleyb Ferreira da Cruz | Responsável, segundo o MPF, pelo pagamento a terceiros |
Demóstenes Torres | Ex-senador por Goiás |
Lúcio Fiúza | Ex-assessor do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) |
Écio Antônio Ribeiro | Um dos sócios da empresa Mestra Administração e Participações |
Eliane Gonçalves Pinheiro | Ex-chefe de gabinete do governador de Goiás |
Marcello de Oliveira Lopes | Conhecido como Marcelão, ex-assessor da Casa Militar |
João Carlos Feitoza | Conhecido como Zunga, ex-subsecretário de Esportes |
Andressa Mendonça | Mulher de Cachoeira |
Joaquim Gomes Thomé Neto | Suposto "araponga" do bicheiro e agente aposentado da Polícia Federal |
Andréa Aprígio | Ex-mulher de Cachoeira |
Jayme Rincón | Ex-tesoureiro da campanha do governador de Goiás |
Aredes Correia Pires | Ex-corregedor-geral da Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás |
Adir Assad | Dono das empresas JSM Terraplanagem e SP Terraplanagem |
Fernando Cavendish | Ex-presidente da Delta |
Os integrantes da CPI do Cachoeira se reúnem a partir das 10h15 desta quarta-feira para ouvir a exposição do relatório final do deputado federal Odair Cunha (PT-MG) sobre a comissão que investiga as relações do bicheiro com políticos, funcionários públicos e empresários.
Cunha deve pedir o indiciamento de todos os 20 depoentes que ficaram em silêncio durante depoimentos à comissão (veja tabela ao lado), mas o número de indiciamentos pode ser ainda maior.
Procurado pela reportagem, o deputado não confirmou se indiciará o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Perillo deu depoimento de mais de oito horas à CPI em junho.
No entanto, na segunda-feira, Cunha disse que trabalhou “arduamente na investigação do vasto material que recebeu da Polícia Federal e de órgãos como Banco Central e Anatel”.
De acordo com a assessoria do parlamentar, Cunha deverá ler um resumo do documento de cerca de 3.000 páginas e, ao final, dará uma entrevista coletiva sobre o assunto.
Segundo o relator, foram analisadas 69.694 páginas referentes a sigilos bancários, 11.333 folhas relativas a quebras de sigilo fiscal de 75 pessoas físicas e jurídicas e 45.594 páginas de extratos de ligações telefônicas, somando entre documentos, planilhas, fotos, vídeos, extratos, áudios e relatórios analíticos, um total de 1,1 terabyte de informação recebida.
A expectativa é que, depois da leitura, os parlamentares da comissão façam um pedido de vista – o que na prática adia a discussão e votação do relatório final – para que possam ter mais tempo para analisar o material. O relatório de Cunha deve ser votado até o dia 22 de dezembro, último dia do ano legislativo e prazo final para o encerramento dos trabalhos da comissão.
Oposição
Paralelamente ao documento do relator, os parlamentares da oposição prometeram elaborar outro relatório para ser votado. Ainda que o relatório da oposição não seja colocado em votação – porque a oposição é minoria – eles prometem levar ao MPF (Ministério Público Federal) essas informações como um complemento à representação feita pela PSDB no último dia 7 de novembro, que pedia a investigação do repasse de recursos da Delta Construções para empresas consideradas “laranjas”.
Diferentemente do que se espera do relator do deputado petista, os parlamentares da oposição deverão incluir no documento a ser encaminhado ao MPF um aprofundamento nas investigações do elo entre Cachoeira e os governadores do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), e do Tocantins, Siqueira Campos (PSDB).
Soltura de Cachoeira
A juíza Ana Cláudia Costa Barreto, 5ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, expediu na noite desta terça-feira (20) um alvará de soltura para Carlinhos Cachoeira, preso desde fevereiro no presídio da Papuda, em Brasília.
Na sentença dada pela juíza, Cachoeira foi condenado a cinco anos de prisão em regime semiaberto pelo envolvimento dele na operação Saint-Michel, deflagrada pelo Ministério Público do Distrito Federal. Cachoeira já recorreu desta decisão. A apelação aparece no andamento do processo que corre no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT).
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