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Ministro do TCU nega ter se reunido com indiciados na operação Porto Seguro para tratar de empresa no porto de Santos

Fernanda Calgaro

Do UOL, em Brasília

04/12/2012 13h58Atualizada em 04/12/2012 14h10

O ministro do TCU (Tribunal de Contas da União), José Múcio Monteiro, negou nesta terça-feira (4) ter se reunido com os irmãos Paulo e Rubens Vieira, acusados de chefiar um esquema de venda de pareceres fraudados de órgãos federais, para tratar de um processo de interesse do grupo.

“Eles dizem que estiveram comigo, mas não estiveram. Estiveram com o meu chefe de gabinete. Um deles, eu não sei, não distinguo, acho que é o Paulo [Vieira], esteve acompanhando um deputado para tratar de um outro assunto. Depois que esteve, disse que esteve. E lobista faz isso, diz que está com você e diz o que quer no telefone. Eu estou primeiro querendo saber o que é que existe para poder explicar. Por enquanto, estou só com notícia do jornal”, afirmou ao UOL durante evento do TCU em Brasília.

Parecer sob suspeita

Um parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) que está sendo investigado sob suspeita de ter sido comprado ajudou o empresário Carlos César Floriano a vender a Tecondi, uma empresa de contêineres no porto de Santos, por R$ 1,3 bilhão em junho.
Essa é a interpretação de executivos que acompanharam a negociação e da Polícia Federal na Operação Porto Seguro.

Na Operação Porto Seguro, a Polícia Federal interceptou conversas dos irmãos que citam o ministro em relação a um processo em tramitação no tribunal. O processo seria a revisão de um parecer favorável à empresa Tecondi para adquirir novos espaços na área do porto de Santos, no litoral de São Paulo. O negócio movimentaria R$ 1,3 bilhão.

A dupla comemora que o processo estava com o ministro Múcio Monteiro e que ele iria se declarar impedido de julgar o caso, o que acabou mesmo acontecendo depois. O processo foi para as mãos de outro ministro, que vetou a cessão de novas áreas.

Múcio Monteiro não quis comentar o processo envolvendo a Tecondi, mas disse que, por conta disso, o seu gabinete é alvo de uma sindicância para apurar o vazamento dessa informação. “Hoje há uma sindicância no meu gabinete e nós soubemos através do jornal que a informação saiu do meu gabinete. Depois dessa sindicância, nós só estamos recebendo as pessoas dizendo o que é que vêm tratar e colocamos [a agenda] na internet antes, mas isso não impede que a pessoa venha e trate de outro assunto. No caso dele, sobre este assunto, ele não tratou.”

Sobre o envio dos documentos da operação pela Justiça Federal de primeira instância ao Supremo Tribunal Federal (STF), para análise de eventual abertura de investigação, o ministro, que, por conta do cargo só pode ser julgado pela Suprema Corte, disse não ter sido informado. “O jornal ["Folha de S.Paulo"] sugere que foi mandado, mas eu não fui comunicado. Quando eu for comunicado, eu vou lá e explico.”