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Eleição de Feliciano faz grupos LGBT cobrarem governo por mais ações

O pastor e deputado federal Marco Feliciano presidirá Comissão de Direitos Humanos da Câmara Imagem: Gustavo Lima - 26.out.2011/Agência Câmara

Thiago Varella

Do UOL, em São Paulo

07/03/2013 20h19

Militantes de grupos LGBT querem usar a eleição do pastor e deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) para a presidência da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Câmara para cobrar o governo federal por mais ações em favor da comunidade no país.

Feliciano, pastor pentecostal da igreja Assembleia de Deus, é criticado por entidades ligadas aos direitos humanos por acusações supostamente racistas e homofóbicas.

Para o antropólogo Luiz Mott, fundador do Grupo Gay da Bahia, a polêmica em torno da eleição de Feliciano criou um momento propício para que os grupos LGBT pressionem o governo federal para liberar o kit antihomofobia nas escolas e aprovar a equiparação da homofobia ao crime de racismo.

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“Essas medidas seriam um começo de diálogo de igual para igual com este governo que vem tomando medidas autoritárias contra a gente”, afirmou.

Mott também espera que Feliciano, chamado de “abominável pastor homofóbico” pelo antropólogo, seja forçado a deixar a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.

“Deve haver alguma maneira de tirá-lo de lá. Temos de ir à OAB, ao Conselho de Ética do Congresso. É necessário impugnar essa presidência. Não dá para entregar o queijo para o rato guardar”, disse.

A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) pretende ir até ao Conselho de Direitos Humanos da ONU reclamar a eleição de Feliciano.

Para Carlos Magno Fonseca, presidente da ABGLT, o governo federal deveria usar esse momento de impasse para apresentar propostas concretas de combate à violência contra homossexuais.

“O atual governo vem tomando ações muito tímidas. Não dá respostas concretas para nossa comunidade”, afirmou.

Fonseca considera a eleição de Feliciano “lamentável” e um “retrocesso para a democracia do país”. O presidente da ABGLT critica o compromisso de todos os partidos brasileiros com os direitos humanos.

“As políticas de direitos humanos não têm sido prioridade dos partidos. A Comissão da Câmera era estratégica para nós. Por ela, estabelecemos diálogo com parlamentares ligados aos direitos humanos”, explicou. “Com Feliciano, o diálogo será quase impossível. Alguém com sua postura não vai querer conversar com a gente”, completou.

Durante a eleição de Feliciano, o então presidente da comissão, Domingos Dutra (PT-MA) anunciou que estava se retirando da CDH, seguindo pela deputada Luiza Erundina (PSB-SP) e pelo deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), que lembrou as atitudes homofóbicas de Feliciano.

"A Casa sempre reagiu mal à diversidade. Quando os negros chegaram, as mulheres, o primeiro homossexual, não foram vistos com bons olhos”, disse o deputado.

Protesto em SP

Um movimento organizado por uma rede social na internet deve protestar no sábado (9), às 14h, na avenida Paulista, em São Paulo, contra a eleição de Marco Feliciano para a presidência da CDH.

"Repudiamos a nomeação do Pr. Marco Feliciano e convocamos todos os interessados a vir pra rua conosco. Venham negros, LGBTs, 'putas', cristãos que seguem os ensinamentos de Jesus Cristo de fato, punks, deficientes físicos, agnósticos, donas de casa, empresários, estudantes, professores, desempregados, judeus, ateus e toda e qualquer pessoa que cansou da avacalhação deste que é o pior Congresso desde a redemocratização", diz a página do evento no Facebook.

Às 19h45, mais de 8.400 pessoas confirmavam, pela rede social, a presença no evento.

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