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Auditores federais chamam de 'equivocada e injusta' críticas de Collor

Do UOL, em Brasília

09/05/2013 19h10

A Auditar (União dos Auditores Federais de Controle Externo) repudiou nesta quinta-feira (9) a manifestação do senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado, de rasgar ontem o relatório de prestação de contas do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) sobre rodovias federais e criticar a atuação dos técnicos do TCU (Tribunal de Contas da União) pela paralisação em obras. 

 
“A Auditar deplora que tal manifestação, equivocada e injusta, haja sido externada sob a forma de expressões deselegantes, que não condizem com a sobriedade, o equilíbrio e a isenção de ânimo que nos caracteriza em nossa atuação profissional”, avaliou a entidade, que reúne os auditores do TCU (Tribunal de Contas da União). 
 
Collor chamou as informações do relatório de falsas. Além das críticas diretas ao Dnit, o senador classificou como "exageradas" as decisões dos técnicos do TCU (Tribunal de Contas da União) de paralisar as obras e redução dos valores estabelecidos pelas licitações. “Esses técnicos do TCU também, prepotentes, incompetentes, inexperientes, que ficam criando dificuldades as mais extravagantes, e o pior é que, em nome da boa execução financeira da obra, e não é! As obras que estão paralisadas têm um preço, no final, duplicado, triplicado”, afirmou o senador alagoano na ocasião.
 
Em resposta, os auditores disseram orientar o trabalho deles ”por valores éticos, preservando uma forma de atuação independente, que não se subordina, em nenhum momento, a interesses menores, ou mesmo, inconfessáveis”.
 
“Cabe esclarecer que a eventual paralisação de uma obra decorre por diversas causas: falta de planejamento, gestão deficiente, erros na execução e, mesmo, graves irregularidades constatadas pelas diferentes instâncias de controle. Contudo, jamais poderá ser atribuída a uma decisão atrabiliária de um auditor federal de controle externo”, continuou a nota. 
 
Ainda na noite de ontem, o Dnit rebateu as informações do parlamentar. "O relatório da autarquia encaminhado segunda-feira (6/5) ao Senado traduz a realidade do último final de semana (5/5/2013), momento em que as informações foram levantadas. Os dados constantes do relatório foram fornecidos de forma isenta por servidores da autarquia", disse o departamento em nota. 
 
Veja a íntegra da nota dos auditores: 
 
"A Auditar - União dos Auditores Federais de Controle Externo, entidade associativa que congrega os Auditores do Tribunal de Contas da União (TCU), manifesta-se publicamente a respeito das recentes declarações do Senador Fernando Collor (PTB-AL), presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado Federal, para prestar os seguintes esclarecimentos:
 
- No exercício de suas atividades profissionais, os auditores do TCU orientam-se por valores éticos, preservando uma forma de atuação independente, que não se subordina, em nenhum momento, a interesses menores, ou mesmo, inconfessáveis.
 
- Buscando atuar com efetividade, os auditores do TCU não transigem diante da gestão ineficiente e da malversação de recursos públicos, tomados da sociedade brasileira sob a forma de tributos cada dia mais crescentes.
 
- Cada real preservado do Erário colabora para a destinação de recursos em áreas nas quais o Estado deve retribuir o esforço feito pela população, com a oferta de melhores serviços em educação, saúde, transporte e segurança pública, entre outros.
 
- Temos por princípios a Justiça e a Verdade. Assim, causa-nos espécie as palavras de um senador da República que distorcem a real atuação dos auditores, em seu esforço diuturno para evitar que os recursos públicos venham a ser desviados ou mal utilizados em prejuízo do povo brasileiro.
 
- A Auditar deplora que tal manifestação, equivocada e injusta, haja sido externada sob a forma de expressões deselegantes, que não condizem com a sobriedade, o equilíbrio e a isenção de ânimo que nos caracteriza em nossa atuação profissional.
 
- Cabe esclarecer que a eventual paralisação de uma obra decorre em razão de diversas causas: falta de planejamento, gestão deficiente, erros na execução e, mesmo, graves irregularidades constatadas pelas diferentes instâncias de controle. Contudo, jamais poderá ser atribuída a uma decisão atrabiliária de um Auditor Federal de Controle Externo.
 
- Os Auditores do TCU atuam de forma responsável em diversos e complexos campos da gestão pública. Em relação aos trabalhos de fiscalização de obras, especificamente, salientamos que, apenas no exercício de 2012, a atuação preventiva do Tribunal de Contas da União resultou em benefícios ao país na ordem de R$ 2,5 bilhões.
 
- Nos últimos cinco anos a atuação corretiva do TCU gerou uma economia de R$ 102 bilhões aos cofres públicos.
 
- A atuação dos Auditores do TCU orienta-se por padrões de auditoria aplicados internacionalmente. De fato, o Tribunal de Contas de União, a cada dia, vem se tornando reconhecido, pelas instituições superiores de controle dos demais países, como padrão de referência pela qualidade dos trabalhos executados por seu corpo técnico. 
 
- A atribuição de auxiliar o Congresso Nacional no exercício do Controle Externo não pode ser entendida como uma atuação subalterna ou irrelevante. De fato, nós, Auditores do TCU, temos orgulho de poder contribuir com o Congresso Nacional na missão compartilhada de fiscalizar a boa e regular aplicação dos recursos públicos.
 
- Lamentamos ser necessário vir a público para prestar tais esclarecimentos, pois a atuação dos auditores do TCU, bem assim a do Tribunal de  Contas da União, está claramente delimitada pelos marcos constitucional e legal vigentes, definidos pelo poder constituinte originário e confirmados pelo próprio Congresso Nacional.
 
- A Auditar, portanto, repudia de forma veemente a tentativa desrespeitosa de desqualificar trabalhos técnicos realizados em prol do Brasil, pois nossa palavra será sempre firme em defesa dos Auditores Federais de Controle Externo e das atribuições conferidas pela Constituição ao TCU.
 
A diretoria".