Gabrielli defende compra de refinaria pela Petrobras e rebate "mentiras"
O ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli saiu nesta terça-feira (8) mais uma vez em defesa da compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), pela Petrobras e disse que “mentiras” e “versões fantasiosas, publicitárias e eleitoreiras” sobre o negócio têm sido “insistentemente” veiculadas.
Suspeita de ter representado um prejuízo milionário, a aquisição da unidade pela Petrobras tem sido alvo de investigações em diferentes órgãos, como o Ministério Público e a Polícia Federal.
Gabrielli negou, porém, que a belga Astra Oil tenha pagado apenas 42 milhões de dólares pela refinaria um antes de vender 50% da unidade à Petrobras por 360 milhões. Segundo ele, quando a Astra adquiriu a refinaria, havia uma dívida de 200 milhões e foi preciso também fazer investimentos da ordem de 84 milhões.
“[A primeira mentira é que] A refinaria custou 42 milhões de dólares [ao ser comprada pela Astra] e foi comprada por 1 bilhão de dólares pela Petrobras. Isto é mentira. É mentira porque não custou 42 milhões de dólares. A empresa que adquiriu investiu mais 84 milhões e tinha uma dívida de 200 milhões, portanto, vamos para 326 milhões de dólares”, afirmou em entrevista coletiva.
O ex-presidente da estatal negou também que o negócio tenha custado à Petrobras mais de 1 bilhão de dólares. Disse que o custo foi de 486 milhões de dólares e a diferença se explica porque foi preciso adquirir estoques, posteriormente revendidos, e pagar despesas judiciais e bancárias.
“A diferença entre 486 milhões de dólares e 1,1 bilhão [de dólares] são referentes a estoques que foram comprados e revendidos, portanto, tem que se colocar a revenda dos estoques, foram despesas bancárias para garantir a comercialização do produto e foram despesas judiciais. Portanto, o custo da refinaria foi 486 milhões de dólares e ela, originalmente, incluía na dívida, era 336 milhões. Portanto, um negócio absolutamente normal”, disse.
Gabrielli argumentou ainda que a compra da refinaria foi um “bom negócio” e fazia parte da estratégia da Petrobras à época de expandir o refino para os Estados Unidos.
“A segunda ideia que precisa ser desconstruída porque é falsa, a de que foi um mau negócio. A refinaria foi um bom negócio naquele momento, ela refletia uma estratégia que a Petrobras vinha definindo desde 1999, que era uma estratégia de conseguir refino nos EUA, portanto era uma estratégia do governo anterior ao nosso.”
A presidente Dilma aprovou a compra de 50% da refinaria de Pasadena quando era chefe da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobras, em 2006. Em 2005, um ano antes de a Petrobras decidir fazer o negócio, a empresa de origem belga Astra Oil havia comprado a refinaria por US$ 42,5 milhões, valor agora contestado pelo ex-dirigente. O valor total pago pela Petrobras na transação foi de US$ 1,2 bilhão.
A posição do ex-dirigente diverge do entendimento da presidente Dilma. Ela admitiu publicamente ter autorizado a compra com base num documento "tecnicamente falho" e que, se soubesse de todas as cláusulas, certamente não a teria aprovado.
Ao ser questionado sobre a contradição, Gabrielli desconversou: “É correta a visão da presidente que não tinha todas informações, como é correto que o negócio foi correto. São duas coisas absolutamente compatíveis e perfeitamente explicadas”.
Pouco antes, Gabrielli havia se reunido a portas fechadas na Câmara dos Deputados com a bancada petista para dar subsídios aos parlamentares para rebater ataques da oposição, empenhada em criar uma CPI para investigar denúncias de irregularidades na estatal.
“A bancada queria saber fatos e combater as versões fantasiosas, publicitárias e eleitoreiras que estão sendo veiculadas persistentemente. Vocês sabem que uma mentira repetida inúmeras vezes vira verdade”, afirmou.
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