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Deputados novatos serão mais de um terço na Alerj em 2015

Flávio Serafini (PSOL), Renato Cozzolino (PR), Bruno Dauaire (PR) e Jorge Felippe Neto (PSD) estão entre os deputados que vão estrear na Alerj em janeiro do ano que vem - Arte UOL
Flávio Serafini (PSOL), Renato Cozzolino (PR), Bruno Dauaire (PR) e Jorge Felippe Neto (PSD) estão entre os deputados que vão estrear na Alerj em janeiro do ano que vem Imagem: Arte UOL

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

05/11/2014 06h00

Na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), 31 das 70 cadeiras do plenário serão ocupadas por novos deputados estaduais a partir de janeiro de 2015. Isso representa, para os próximos quatro anos, uma substituição de 44,2% do quadro político do Legislativo. Os novatos representam mais de um terço (38,5%) do total de parlamentares.

Dos 31 que passarão a compor a Alerj, 27 são estreantes. Já quatro vão retornar à Casa: Zito (PP), 61, Farid Abrão (PTB), 70, Jorge Picciani (PMDB), 59, e Rosenverg Reis (PMDB), 37. O grupo vai se juntar aos 39 deputados que se reelegeram.

Entre os que se reelegeram, estão oito dos dez candidatos mais votados e os únicos cinco que romperam a barreira dos cem mil votos. São eles Marcelo Freixo (PSOL), 350.408 votos; Wagner Montes (PSD), 208.814 votos; Flávio Bolsonaro (PP), 160.359 votos; Samuel Malafaia (PSD), 140.148 votos; e Paulo Melo (PMDB), 125.391 votos.

Para especialistas ouvidos pelo UOL, a dança das cadeiras na Alerj dá mais musculatura à oposição, mas não altera significativamente o cenário político favorável ao PMDB, partido do governador reeleito, Luiz Fernando Pezão.

"Na prática, a ascensão do PSOL é o único sinal de renovação na Alerj, pois foi um partido que mais se identificou com as manifestações de 2013. Antes, o Freixo era uma força isolada. Agora ele vai ter uma bancada com cinco deputados. A oposição ficará pouco mais forte, mas ainda há uma fragmentação partidária muito grande e o PMDB continua com a maior bancada", afirmou o cientista político e professor da PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica) Ricardo Ismael.

"Além disso, o PMDB deve ficar novamente com a Presidência da Casa, seja com o Paulo Melo ou com o Jorge Picciani. A rigor, a eleição não traz uma renovação, e sim a manutenção do cenário político", completou Ismael.

Geraldo Tadeu Monteiro, cientista político do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro), também disse não ver "resultado significativo", tanto no pleito estadual quanto no federal. Segundo ele, por mais que a Alerj tenha se tornado um alvo frequente nas manifestações de 2013, o "anseio por mudanças" não se traduziu nas urnas.

"Os protestos levaram a um comportamento mais de retirada, o que se viu no aumento dos votos nulos, principalmente no Rio de Janeiro. Não há qualquer resultado significativo que possa apontar para uma renovação. Mesmo os 27 novatos, se você olhar, muitos ali já ocuparam cargos políticos em outras esferas ou se elegeram porque representam famílias tradicionais", argumentou.

A análise de Monteiro é recheada de exemplos. O estreante Nivaldo Mulim (PR), eleito com mais de 90 mil votos (o mais votado entre os novatos), é vereador em São Gonçalo, na região metropolitana do Estado, e irmão do prefeito Neílton Mulim. Carlos Roberto Osório (PMDB), eleito com  70.835 votos, é ex-secretário de Transportes na gestão do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB).

Já o parlamentar mais novo, Jorge Felippe Neto (PSD), 22, é neto do presidente da Câmara de Vereadores do Rio, Jorge Felippe (PMDB). Por sua vez, Daniele Guerreiro (PMDB) e Márcia Jeovani têm algo em comum: elas são mulheres dos prefeitos de Mesquita, Gelsinho Guerreiro, e de Araruama, Miguel Jeovani, respectivamente. "Eu costumo dizer que a onda de manifestações virou uma marolinha. O que se vê na eleição deste ano é o mais do mesmo", declarou o professor do Iuperj.