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'Nunca quiseram que o povo estudasse', diz Lula em evento sobre educação

Lula defendeu a gestão de Dilma Rousseff na educação  - Alex Silva/Estadão Conteúdo
Lula defendeu a gestão de Dilma Rousseff na educação Imagem: Alex Silva/Estadão Conteúdo

Edgard Matsuki

De Brasília

14/08/2015 22h37

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva transformou um ato político do PT em “defesa da educação” na noite desta sexta-feira (14), em Brasília, em uma veemente defesa do governo Dilma Rousseff, em uma tentativa de se contrapor às manifestações antigoverno federal programadas para o próximo domingo.

“Até nós [PT] chegarmos ao poder, nunca se quis que o povo estudasse de verdade. Apenas um terço das pessoas estudassem. É por isso que nunca tive um diploma universitário. Nunca me deram chance”, disse LUla, em um ataque às administrações anteriores a 2002.

Sob os gritos de “não vai ter golpe” de cerca de 1.100 pessoas, muitas delas usando bonés da CUT (Central Única dos Trabalhadores), o ex-presidente Lula defendeu o cumprimento das metas do Plano Nacional de Educação (PNE) e rejeitou a ideia de impeachment da presidente Dilma Rousseff, que está em viagem pelo Nordeste.

Sobre os cortes promovidos no orçamento da área de educação pelo governo, Lula disse que a situação deve mudar. “Nós triplicamos os fundos para a educação. Agora diminuiu um pouquinho. Mas não se preocupe Janine [ministro da Educação], o dinheiro vai voltar de algum jeito. É preciso arranjar um jeito para encontrar o dinheiro para cumprir as metas da educação.”

Ao final do discursos, ele citou o presidente da CUT, Wagner Freitas, que na última quinta-feira (13) falou que os militantes iriam usar armas se tentassem tirar Dilma. “Wagner, saiba que a arma que a CUT deve usar é as metas do Plano Nacional de Educação.”

O Plano Nacional da Educação destina 10% do PIB (Produto Interno Bruto) para a educação e prevê que gastos com creches conveniadas e programas como o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) e Prouni (Programa Universidade para Todos) entrem na conta. Estabelece 20 metas e 253 estratégias para a educação a serem cumpridas nos próximos dez anos.

Protestos

Se do lado de dentro do evento Lula e os outros convidados foram ovacionados, do lado de fora integrantes de entidades como Sinasefe (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica), Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior) e Fasubra (Sindicatos de Trabalhadores em Instituições de Ensino Superior) protestavam justamente contra os cortes que o ajuste fiscal tem praticado na educação. As cerca de 70 pessoas gritavam palavras de ordem perguntando “que pátria educadora é o Brasil com corte de R$ 10 bilhões da educação e R$ 2 bilhões da Ciência, Tecnologia e Inovação”.

Os manifestantes também pediam uma reunião com o ministro da Educação, Renato Janine, para discutir sobre a greve dos funcionários técnicos-administrativos das universidades federais, que estão parados desde maio e pedem reajuste de 27,3% dos salários.

Apesar do protesto, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), fez a principal defesa da atuação de Dilma na área de educação. Avisando que discursava como “como professor”, afirmou que “nenhum outro governo entregou tantas escolas técnicas como no mandato de Lula. Foi mais do que o dobro do que já tinha sido construído". 

Quando citou Dilma, Haddad exaltou o "papel importante da presidente ao não vetar nenhum ponto do PNE, pois teve coragem de ser a primeira presidente a aprovar por completo o Plano Nacional de Educação."