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Aécio diz que citações de Delcídio são 'mentirosas' e 'requentadas'

Do UOL, em Brasília

15/03/2016 16h04

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) negou nesta terça-feira (15) ter envolvimento em irregularidades apontadas pelo senador Delcídio do Amaral (PT-MS) em sua delação premiada. Segundo o senador tucano, as citações feitas por Delcídio ao seu nome são “acusações falsas e requentadas”.

Em sua delação premiada, Delcídio do Amaral disse que Aécio recebeu dinheiro de propina originada em contratos da estatal Furnas. Além disso, o senador petista afirmou que Aécio seria beneficiário de uma fundação sediada em Liechtenstein da qual ele seria o dono ou o controlador. A terceira citação a Aécio feita por Delcídio é a de que ele teria tentado atrasar o repasse de dados do Banco Rural de Minas Gerais para a CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito). O atraso, segundo Delcídio, seria para que informações que pudessem ligar Aécio ao banco fossem apagadas.

Em entrevista coletiva, Aécio negou as três acusações feitas por Delcídio. “Não consigo compreender a razão [pela qual Delcídio fez as alegações]. São todas as questões citadas são velhas e requentadas. Não há nada de novo e nada de consistente que mereça qualquer tipo de preocupação”, afirmou Aécio.

A respeito da suposta fundação mencionada por Delcídio, Aécio disse que ela nunca chegou a se concretizar. “Essa fundação não foi concluída. Jamais houve qualquer transferência de recursos para ela. Esse assunto já foi objeto de uma investigação do MPF (Ministério Público Federal) do Rio de Janeiro que pediu há vários anos o arquivamento que foi feito pela Justiça Federal do Rio de Janeiro”, afirmou.

Sobre o suposto recebimento de propina oriunda de Furnas, Aécio também negou a acusação. “O senador Delcídio, em sua delação, comete pelo menos uma contradição que eu considero grave. Ele disse que a lista de Furnas não é verdadeira, mas que mesmo assim políticos teriam recebido dinheiro dela. Isso é falso”, disse.

A respeito do suposto pedido para atrasar o repasse de dados do Banco Rural durante a CPMI dos Correios, Aécio disse que a acusação não tem fundamento. “Em nenhum momento meu nome foi nem sequer citado para colaborar em qualquer uma das investigações. Jamais tive conta, jamais fiz empréstimos com o Banco Rural e é incompreensível que os interesses do Banco Rural pudessem me atingir”, afirmou.

Aécio Neves disse que é preciso que as investigações sejam aprofundadas.

“Sou o maior interessado para que tudo isso seja esclarecido. Será mais um atestado de idoneidade que eu receberei. A minha resposta a isso é de forma serena que se aprofundem nas apurações para que possamos ter isso clareado”, disse o tucano.

Mais cedo, a assessoria de imprensa de Aécio Neves divulgou uma nota detalhando a posição do senador. Leia a íntegra do comunicado:

"São citações mentirosas que não se sustentam na realidade e se referem apenas a 'ouvir dizer' de terceiros.

1 - Delcídio do Amaral se refere a uma fundação que a mãe do senador planejou criar no exterior. Trata-se de assunto requentado já amplamente divulgado nas redes petistas na internet e, inclusive, já investigado e arquivado pela Justiça e pelo Ministério Público Federal há vários anos.

O assunto em questão foi devidamente analisado e arquivado, há mais de cinco anos, em 2010, após a Justiça Federal e o MPF do Rio de Janeiro constatarem a inexistência de qualquer irregularidade. Não houve nem sequer abertura de ação penal.

No ano passado, membros do PT reuniram material divulgado na internet e voltaram a apresentar a mesma falsa denúncia à Procuradoria-Geral da República. Após o fornecimento das informações, o assunto foi novamente arquivado. Desta vez pela PGR, mais uma vez constada a inexistência de qualquer irregularidade.

Em 2001, a mãe do senador Aécio Neves cogitou vender alguns imóveis e aplicar os recursos no exterior. No entanto, o projeto foi suspenso em função da doença do marido dela e a fundação não chegou a ser implementada de fato.

Para o projeto, ela buscou a assessoria de um profissional que havia sido durante anos representante oficial de instituição financeira internacional, legalmente constituída no Brasil, sr. Norbert Muller. À época do contato, não existia qualquer razão para se duvidar da idoneidade profissional do representante.

Durante os seis anos em que o projeto ficou em suspenso (período entre assinatura dos primeiros documentos e o cancelamento definitivo do projeto, em 2007, em função do agravamento do estado de saúde de seu marido), a responsável fez dois pagamentos, em moeda nacional, e no Brasil, ao sr. Muller, referentes a despesas cobradas por ele. Esses valores corresponderam a uma média anual de cerca de US$ 5.000.

Esses valores foram transferidos pelo representante para uma conta e corresponderam à totalidade dos depósitos realizados que foram integralmente consumidos em pagamentos de taxas e honorários. A conta nunca foi movimentada.

A criação da fundação foi devidamente declarada no Imposto de Renda da titular.

2 - Sobre a menção ao nome do senador Aécio com relação a Furnas, Delcídio repete o que vem sendo amplamente disseminado há anos pelo PT que tenta criar falsas acusações envolvendo nomes da oposição.

É curioso observar a contradição na fala do delator já que ao mesmo tempo em que ele diz que a lista de Furnas é falsa, ele afirma que houve recursos destinados a políticos.

3 – O delator relaciona o nome do senador Aécio ao Banco Rural no contexto da CPMI dos Correios. O senador jamais tratou com o delator Delcídio de nenhum assunto referente à CPMI dos Correios. Também jamais pediu a ninguém que o fizesse.

Nunca manteve qualquer relação com o Banco Rural, teve conta corrente na instituição ou solicitou empréstimos.

É fácil demonstrar que o PSDB não atuou na CPMI dos Correios com o objetivo de proteger ninguém. Pelo contrário, pode ser comprovado o posicionamento do PSDB na CPMI em favor do aprofundamento das investigações de todas as denúncias feitas durante os trabalhos da Comissão, incluindo aquelas relacionadas a nomes de integrantes do partido.

Segue anexa cópia da nota divulgada à época sobre o relatório final dos trabalhos da CPMI dos Correios, no qual é sugerido o indiciamento de integrantes do PSDB envolvidos.

Por fim, e ainda sobre esse assunto, é fácil demonstrar que Delcídio do Amaral não está falando a verdade. Ele diz que foi a Minas tratar com o então governador Aécio de assunto referente à CPMI. É mentira. O relatório final da CPMI data de abril de 2006 e a viagem de Delcídio a Minas ocorreu dois meses depois, no dia 7 de junho de 2006. O que demonstra que ele não poderia ter tratado de assunto da CPMI já encerrada. Na verdade, o encontro ocorrido foi a pedido dele para tratar do apoio partidário a seu nome nas eleições estaduais, em 2006, quando ele pretendia ser candidato no Mato Grosso do Sul".