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Candidato do PMDB, ex-ministro de Dilma diz que "sempre teve lado"

Deputado do Solidariedade rasga seu discurso para "fugir da mesmice"

UOL Notícias

Do UOL, em Brasília

13/07/2016 20h43Atualizada em 13/07/2016 21h52

Candidato oficial do PMDB à presidência da Câmara, partido com a maior bancada de deputados, Marcelo Castro (PMDB-PI) afirmou que “sempre teve lado” durante seu discurso de campanha no plenário do parlamento, no qual defendeu prerrogativas dos deputados, como a liberação de dinheiro do Orçamento por meio de emendas.

“O deputado Marcelo Castro nunca baixou a cabeça. Nunca esteve indeciso. Nunca esteve em cima do muro”, disse. “Porque o deputado Marcelo Castro sempre teve lado, e nosso lado é pelo Poder Legislativo”, afirmou ao discursar na tribuna na noite desta quarta-feira (13).

Castro foi ministro da Saúde da presidente afastada, Dilma Rousseff, e votou contra o processo de impeachment. A posição de Castro levou deputados de partidos da antiga base de Dilma a cogitarem apoiar a candidatura dele. Ao mesmo tempo, o Planalto tem sinalizado não tratar a candidatura de Castro como prioritária, e sinaliza em favor de Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Rogério Rosso (PSD-DF).

Castro também fez uma breve autocrítica ao Parlamento quando afirmou existir “um fosso” entre a classe política e a sociedade. “Há um fosso entre a classe política e a sociedade brasileira. Precisamos vestir a sandália da humildade”, disse.

A tônica do discurso foi a defesa da autonomia do Legislativo face aos Poderes Executivo e Judiciário.

Castro defendeu ainda que as emendas de bancada, sugestão de gastos apresentadas ao Orçamento, passem a ter a liberação de recursos pelo Executivo obrigatória.

“Vamos passar emendas parlamentares com é passado o Fundo Nacional de Saúde, automaticamente, sem precisar de projeto. Para não criar essa burocracia para dificultar a vida do parlamentar”, disse.

Castro preferiu não tratar da disputa entre Dilma Rousseff e Michel Temer em seu discurso. O deputado foi ministro de Dilma e é visto pela oposição como uma reação a Temer, sendo o candidato favorito do PT.

A eleição para a presidência da Câmara foi precipitada pela renúncia de Eduardo Cunha ao cargo, na última quinta-feira (7), dois meses após ser afastado do exercício do mandato, e, portanto, do cargo, pelo STF (Supremo Tribunal Federal), por suspeitas de que usava o cargo para interferir nas investigações contra ele. 

Atualmente, além do processo de cassação, Cunha enfrenta diversas investigações no STF por suspeitas de participação em esquemas de corrupção. O deputado nega irregularidades e diz que vai provar sua inocência.

O novo presidente da Câmara vai cumprir um "mandato-tampão" até fevereiro de 2017.

Para eleger em primeiro turno o presidente é preciso 257 votos, quantidade que representa a maioria absoluta da Câmara, que tem 513 deputados (nessa eleição, votarão 512, já que Cunha está afastado).

Mais discursos

Rodrigo Maia (DEM-RJ) foi o primeiro dos 14 candidatos a ocupar a tribuna. Na sua fala, ele fez elogios a ex-presidentes da Casa, a exemplo do atual presidente interino, Michel Temer (PMDB), Ulysses Guimarães (PMDB), e Aécio Neves (PSDB). "Vivemos um momento de grande de crise política. Peço seus votos porque sei que estou pronto para navegar por esta tormenta", disse. Maia declarou ainda que um Câmara paralisada "é a fraqueza de cada um de nós deputados".

Rodrigo Maia elogia Aécio Neves em discurso

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Após Maia, discursou Evair Vieira de Melo (PV-ES). O deputado defendeu a renovação política ao afirmar que a Casa precisa de um líder pacificador. "É tempo de abandonar os pensamentos retrógrados e a cultural medieval que persiste arraigada na Câmara". O deputado declarou ainda que a Operação Lava Jato atingiu "a direção da Câmara" e que, segundo ele, é preciso recolocá-la para trás o personalismo e o patrimonialismo.

Em seguida, falou Miro Teixeira (Rede-RJ), que afirmou que não veio "pedir voto" e desejou sucesso "ao eleito". "A Câmara de Deputados perdeu o protagonismo legislativo para o Senado", disse o deputado, ao reiterar que a Casa não tem apresentado uma pauta própria, independente dos projetos do Executivo. Ele também defendeu que o processo de eleição contemple um debate entre os postulantes ao comando da Casa, como defende um grupo de 52 entidades da sociedade civil, a exemplo da Transparência Internacional.

Giacobo (PR-PR) afirmou que o novo presidente da Câmara precisa ser capaz de retomar a estabilidade da casa legislativa. Seu discurso foi pontuado por uma defesa da imagem do Poder Legislativo e dos deputados federais. "Todas as mazelas do país são jogadas com exclusividade e, por isso, sem razão nos ombros desse poder.  afirmou o atual 2° vice-presidente da Câmara. "Tenho orgulho de ser deputado federal e digo isso com altivez", acrescentou.

A deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ) afirmou que novo presidente da Câmara tem que ser um político ficha-limpa e que saiba dialogar com o Planalto. "Sou uma candidata mulher, ficha-limpa e aliada ao movimento do diálogo. E sou contra os aumentos de impostos e contra os gastos públicos", declarou em seu discurso de dez minutos. Para a candidata, o Congresso deve voltar a trabalhar em prol da população brasileira, e promover o equilibro diálogo entre a situação e a oposição. "É sobreviver a uma devastadora decepção com a gestão desastrada do PT no governo federal".

Luiza Erundina (PSOL-SP) gritou "Fora Cunha!" e chamou de "golpista" o presidente interino, Michel Temer, em seu discurso no plenário da Câmara. Erundina classificou ainda o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) de "presidente-réu" e de "fantasma". Erundina afirmou também que a atual eleição é uma grande oportunidade da Câmara pagar uma dívida histórica com as mulheres. "Em 192 anos de existência do Legislativo nenhuma mulher ocupou a presidência da câmara e poucas foram eleitas para a mesa diretora", declarou em seu discurso no plenário. Ela fez uma citação direta ao Planalto, ao afirmar que "golpistas que tomaram de assalto o mandato da primeira mulher presidenta do Brasil".

"Fora, Cunha", diz Erundina ao pedir voto em eleição da Câmara

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Fábio Ramalho (PMDB-MG) afirmou que não se pode aceitar que "o Judiciário interfira tanto no Legislativo". Para o deputado federal, o Legislativo brasileiro se apequenou em disputas fisiológicas e que precisa se recompor diante da sociedade brasileira. "Precisamos com urgência reverter essa percepção", afirmou. "A Câmara precisa ser parte da solução e não fonte de problemas."

O candidato Carlos Manato (SD-ES) iniciou sua fala rasgando o discurso escrito, segundo ele, por seus assessores. "Me desculpa! Me desculpa! Mas o que vocês escreveram aqui é a mesmice, a mesma coisa que os outros já disseram", afirmou ao rasgar a papelada na tribuna. Manato afirmou ainda que candidatos usaram de pirotecnia e o que processo eleitoral é totalmente distorcido. "Eu não ouvi ninguém dizendo aqui  que quer trabalhar mais. Eles querem pegar o avião da FAB (Força Aérea Brasileira) na quinta-feira para ir embora de Brasília".

Carlos Henrique Gaguim (PTN-TO) pediu voto especialmente aos 253 deputados federais que, assim como ele, estão em primeiro mandato. "Gaguim não é de promessa, Gaguim é de compromisso", declarou ao se referir a si mesmo na terceira pessoa. "Eu preciso de um cada um de vocês. Vocês, de vários mandatos, não só os novatos, eu preciso de votos de cada um de vocês. Dá um votinho no Gaguim."

Rogério Rosso (PSD-DF), considerado o favorito no pleito, reconheceu que é um deputado federal inexperiente e que sua eventual vitória tem um significado de mudança. "Uma eleição como essa precisa ter um significado, de mudança, de renovação, e, principalmente, de chegar aqui de cabeça erguida de nós somos parlamentes que honramos os compromissos e os votos do povo brasileiro", disse, envergando a lapela do paletó com o broche de deputado.

Logo após Rosso discursar, o deputado Gilberto Nascimento (PSC-SP) declarou sua desistência da candidatura. Agora, o total de candidatos caiu para 13.

Cada candidato teve 10 minutos para discursar na sessão de eleição, em ordem definida por sorteio. Caso nenhum dos candidatos consiga os 257 votos para vencer no primeiro turno, o segundo turno de votação será realizado com os dois mais votados, na mesma sessão, uma hora após apurado o primeiro resultado.