Se Temer cai, entra outra pessoa investigada, diz procurador da Lava Jato
"No mundo ideal, todo mundo seria punido, com a punição máxima, independentemente da delação", disse o procurador da Operação Lava Jato Deltan Dallagnol na noite desta terça-feira (23) durante lançamento de seu livro em um shopping na zona sul de São Paulo. O procurador foi saudado de pé por cerca de 300 participantes, sob aplausos e gritos de “Lava Jato” e se disse emocionado.
O procurador reconheceu que o acordo de delação de Joesley provocou "indignação na sociedade" e afirmou que os "colaboradores de Curitiba não participaram deste acordo".
Dallagnol citou o artigo de Rodrigo Janot publicado no UOL para defender que foi necessário conceder "benefícios" para os irmãos Joesley para "não aniquilar a Lava Jato. "São crimes, evidências de crimes, cometidos pelo presidente do país e por um presidenciável, presidente de um partido", alegou.
"Eu não tenho razões para duvidar da boa fé dele [Janot]", argumentou. Segundo Dallagnol, as provas e as informações fornecidas pelos delatores da JBS não tinham sido oferecidas por outras investigações. "A alternativa dele era não fazer o acordo e não ter aquelas informações e provas que eles conseguiram."
Questionado sobre a possibilidade de o presidente Michel Temer deixar o cargo, Dallagnol afirmou que a Lava Jato não irá se posicionar sobre o tema. "Sendo bem franco, para Lava Jato não muda quase nada [a saída do presidente]. Se cai Temer, vai entrar outra pessoa investigada."
Aposta no caso Maluf
Ao tratar sobre as possibilidades de impunidade de casos na Lava Jato, Dallagnol brincou sobre a condenação do deputado Paulo Maluf (PP-SP). "Eu vou ter que pagar umas apostas porque eu apostei que ele nunca seria condenado no Brasil", disse entre risos.
Deltan Dallagnol falou a uma plateia de 300 pessoas durante uma hora e meia. Ele foi saudado de pé e com gritos de "Lava Jato" para divulgar o seu livro "A luta contra a corrupção".
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