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"Não vou repassar mais nada nunca", diz vereadora acusada de incentivar ovada em Doria

A vereadora Aladilce Souza (PC do B-BA) - Divulgação/Facebook - Divulgação/Facebook
A vereadora Aladilce Souza (PCdoB-BA)
Imagem: Divulgação/Facebook

Guilherme Azevedo

Do UOL, em São Paulo

08/08/2017 19h29

A vereadora Aladilce Souza (PCdoB), de Salvador, negou nesta terça-feira (8) responsabilidade pela manifestação que resultou em ovada nos prefeitos de São Paulo, João Doria Jr. (PSDB), e de Salvador, ACM Neto (DEM), mas disse ter aprendido uma lição.

"Não vou repassar mais nada nunca o que recebo [pela internet] para não dar essa confusão. É que tem coisas que a gente não resiste, recebe e fica tentado a repassar. Foi isso o que aconteceu", afirmou, em conversa por telefone com o UOL.

A ovada nos políticos aconteceu na noite de segunda-feira (7), do lado de fora da Câmara Municipal de Salvador, em protesto contra a concessão do título de cidadão soteropolitano a Doria, cerimônia que aconteceria logo depois.

Nesta terça, ao comentar outra vez o caso, Doria afirmou que já tinha “até o nome da vereadora do PCdoB junto com os petistas de Salvador que organizaram isso". O DEM da Bahia também fez circular pelas redes, com o auxílio da equipe do prefeito paulistano, posts que responsabilizavam diretamente a vereadora por incitar a reação mais violenta da população.

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DEM acusa vereadora

Ao UOL, Aladilce Souza contou sua versão da história. Afirmou ter recebido de terceiros, na semana passada, a mensagem anônima de WhatsApp que sugeria que se jogassem "ovos podres no Doria" no dia da homenagem e que só a repassou para um grupo de pessoas próximas na Câmara "como uma brincadeira".

"Eu recebi como uma brincadeira e repassei como uma brincadeira. Eu não estimulei [a ovada] e no meu caso [o repasse da mensagem] não foi caso de indignação [contra a homenagem]."

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A vereadora, contudo, é também contra a cortesia ao prefeito paulistano. Para ela, Doria não nasceu em Salvador e nunca prestou "relevantes serviços" à cidade, precondições para o título. Além disso, afirmou que, pelas "informações que nos chegam aqui", o prefeito paulistano "tem uma gestão contestada, que perseguiria morador de rua, apagaria grafites e ainda não saberia lidar adequadamente com dependentes químicos de crack", por exemplo.

"A pessoa tem que ser um exemplo de gestão, ética e responsabilidade social para receber esse título [de cidadão]", justifica.

Para Souza, esse é que foi o fato gerador do protesto e não sua intervenção nas redes. "O Doria tem que reconhecer isso e não ficar acusando uma vereadora com a minha história", rebateu a política, que é enfermeira de formação, está em seu quarto mandato na Câmara e começou carreira na política em 1977, como militante estudantil contra a ditadura militar (1964-85).

Sobre a ovada em si, Souza disse que já havia deixado a Câmara no momento do protesto e só teve conhecimento do ato pela TV e por redes sociais. "Fiquei surpresa. São imagens fortes."

Ela mesma, entretanto, disse reprovar a ação. "Eu sou política, não gostaria de tomar ovo, não. Isso depende do destino, da forma de ser de cada um, mas eu não jogaria. Eu discuto, debato ideias, mas não jogaria ovo no Doria. Nem água fria, gelada, embora muitos mereçam."