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Em presídio que abrigou Beira-Mar, Cabral terá cela de 6m², conversas vigiadas e veto a presentes

Imagem externa do presídio de segurança máxima de Campo Grande, para onde será levado Sergio Cabral Imagem: Divulgação

Paulo Renato Coelho Netto

Colaboração para o UOL, em Campo Grande

29/10/2017 04h00

Mais de 1.500 quilômetros de distância separam o passado de glória, poder e dinheiro do ex-governador Sergio Cabral no Rio de Janeiro de seu novo endereço, no presídio de segurança máxima de Campo Grande.

O presídio, que fica a cerca de 15 km do centro da capital sul-mato-grossense, é policiado 24 horas por dia por agentes treinados e concursados pelo Sistema Penitenciário Federal. Perto dali há um lixão e, em volta do presídio, uma grande área verde, sem moradias ou loteamentos.

Dentro dele, as regras são rígidas e valem para todos, mesmo os visitantes: ninguém entra sem passar por detectores de metais e não é permitida a entrada de qualquer material, nem mesmo comida. Tudo é controlado. Até as conversas dos advogados com os detentos, que acontecem no parlatório, são gravadas em áudio e vídeo.

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Alegando motivos de segurança, o Depen (Departamento Penitenciário Nacional), órgão vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, não divulgou quando será a transferência, que deve ocorrer em breve.

Imagem: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Assim que for transferido, Sérgio Cabral vai passar a viver em uma cela individual de seis metros quadrados. Ela ficará numa ala com 13 celas, de presos “intelectuais”, separado de criminosos de facções. Lá não terá acesso à rádio, televisão, celular ou relógio.

Não existem interruptores nas celas. As luzes são acesas por um controle interno às 18 horas e apagadas às 22 horas. As portas das celas são de aço maciço, sem aberturas. Não existem grades nem janelas na cela, apenas ventilação. Da cela, não é possível ver do que se passa pelo lado de fora. É um mundo à parte.

O presídio de Campo Grande já abrigou conhecidos narcotraficantes nacionais e internacionais. Entre eles Fernandinho Beira-Mar e o colombiano Juan Carlos Ramírez Abadía. Assim como os outros 150 detentos do local, Cabral será recebido e tratado como um preso comum, de alta periculosidade.

“Aqui não é para qualquer um. Eles ficam na cela 22 horas do dia e, em alguns casos, não saem nem para ver a luz do sol, quando pegam o RDD [Regime Disciplinar Diferenciado]. O Abadía desenvolveu depressão aqui, adoeceu”, diz um agente penitenciário que pediu anonimato.

No presídio, três detentos já se suicidaram e outros três casos foram controlados pelos agentes. “Aqui, eles não fazem o que querem”, diz o segurança.

Celas do presídio de segurança máxima de Campo Grande Imagem: Divulgação
Os presos recebem diariamente seis refeições: café e lanche da manhã, almoço e lanche da tarde, janta e ceia antes de dormir.

O café da manhã é servido às 7 horas. No cardápio, pão com manteiga e café com leite. Durante o dia, Cabral vai receber bolachas, seis torradas, suco em pó, marmitas com 715 gramas, frutas e refrescos. Terá direito a 200 gramas diárias de proteína, seja de carne, frango, ovo ou peixe.

O preso também tem direito a cinco livros e revistas por semana, oferecidos pelos agentes aos detentos. Nada pode entrar de fora, mesmo materiais de leitura.

Visitas

Já as visitas dos familiares acontecem no pátio, e também são gravadas com imagem e som e vigiadas por agentes. Cabral poderá receber três adultos por vez, uma vez por semana, em um pátio com área de 150 m².

Desde que foi criado, em 2006, nunca houve motim ou rebelião no Presídio Federal de Campo Grande.

Em abril de 2008, o presídio foi atacado por cerca de quinze homens fortemente armados com fuzis, granadas e bombas de efeito moral. Eles usaram carros, motos e até um helicóptero. A troca de tiros durou meia hora. Os bandidos fugiram quando os agentes começaram a revidar o ataque com tiros e granadas. Ninguém ficou ferido.

Na época, além de Beira-Mar e Abadía, estavam presos João Arcanjo, ex-bicheiro de Mato Grosso e Farouk Abdul Hay Omairi, suspeito de colaboração com o Hezbollah, entre vários detentos de alta periculosidade, como traficantes, assaltantes de bancos e chefes de facções criminosas.

Conforme o UOL antecipou na terça-feira (24), a decisão de transferir o ex-governador ocorre porque a penitenciária sul-mato-grossense, uma das quatro unidades federais de segurança máxima no Brasil, possui ala separada das celas ocupadas por chefes do crime organizado

Entre os criminosos presos no local está Ricardo Chaves de Castro Lima, vulgo "Fú da Mineira", considerado um dos líderes da facção criminosa CV (Comando Vermelho), no Rio de Janeiro. Segundo a Vara de Execuções Penais do Estado, ao todo, o presídio abriga 10 criminosos fluminenses.

A decisão de transferir Cabral para um presídio de segurança máxima é do juiz federal Marcelo Bretas, da 1ª instância da Lava Jato no Rio de Janeiro. A determinação ocorreu na tarde da última segunda-feira (23), atendendo a pedido do MPF (Ministério Público Federal).

Veja como foi a discussão que gerou a transferência

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