Topo

Covas assume "super secretaria", nega atrito com Doria e reclama de "fofoqueiros de plantão"

O prefeito de São Paulo, João Doria (à esq.), e o vice Bruno Covas durante entrevista coletiva - SUAMY BEYDOUN/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO
O prefeito de São Paulo, João Doria (à esq.), e o vice Bruno Covas durante entrevista coletiva Imagem: SUAMY BEYDOUN/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

01/11/2017 11h58

O vice-prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), atribuiu nesta quarta-feira (1) a "fofoqueiros de plantão" um suposto desgaste na relação dele com o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB).

A análise foi feita em um evento chamado pela administração municipal para apresentar o novo organograma -- no qual Covas foi tirado da secretaria das Prefeituras Regionais para assumir a recém-criada secretaria da Casa Civil.

O suposto desgaste ao qual Covas se referiu ao usar a expressão "fofoqueiros de plantão" seria relacionado a críticas que vinham sendo feitas a serviços como manutenção e limpeza de ruas - que são atribuição da secretaria das Prefeituras Regionais e uma das principais bandeiras da gestão de Doria. 

Bruno Covas foi recebido por uma plateia composta por correligionários do PSDB e funcionários de prefeituras regionais aos gritos de "Um, dois, três, é Covas outra vez" e com pedidos repetidos por uma "calorosa salva de palmas", por parte do prefeito.

Covas afirmou ter entregue a pasta -- assumida por Claudio Carvalho, que acumulou a secretaria de Investimentos Sociais -- "melhor" que quando a assumiu, em janeiro. Ele não comentou diretamente, contudo, as críticas à zeladoria urbana, atribuição da pasta da qual foi retirado.

"Entregamos uma secretaria em situação melhor do que a encontramos", disse o vice-prefeito. "Sempre gostei de fazer política. Alguns fofoqueiros de plantão quiseram plantar notícia sobre nossa relação; não tem qualquer tipo de afastamento. Na aritmética da minha relação com Doria, quem apitar na divisão, vai perder: aqui é só soma", discursou.

Indagado em uma das três perguntas abertas aos jornalistas, na entrevista coletiva, Covas respondeu rispidamente ao ser questionado se poderia se candidatar ao governo do Estado em 2018. Ano passado, Covas defendeu que o PSDB lançasse nome próprio à disputa --ainda que uma ala dos tucanos, entretanto, veja com bons olhos o apoio do partido à candidatura do vice-governador, Márcio França (PSB), na sucessão de Geraldo Alckmin (PSDB).

"Nunca me coloquei como pré-candidato ao governo do Estado; não sei de onde você tirou essa informação", afirmou, sob gargalhadas de parte dos apoiadores na plateia, que atuavam como claque.

Questionada sobre a presença de funcionários de prefeituras regionais ao evento, em pleno expediente de trabalho, a Secom resumiu: "Posse de secretário também é expediente de trabalho".

Nova secretaria

Doria elogiou o trabalho do vice e explicou que, com a nova pasta, Covas --com quem afirmou ter uma "relação amistosa e respeitosa" --assume a partir desta sexta (3) uma "super secretaria".

Segundo o prefeito, caberá à nova pasta a articulação política com a Câmara de Vereadores, com a Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), o Congresso e o governo federal.

"A responsabilidade do Bruno se amplia pela capilaridade. É uma importância capital, dada a capacidade de articulação que ele tem mostrado", sintetizou o prefeito.

Com a criação da nova secretaria, a articulação política, que era tratada no âmbito da secretaria de Governo por seu titular, Júlio Semeghini, será substituída, segundo Doria, por "ações de melhoria da gestão".

"O foco exclusivo da secretaria de Governo será a ação de gestão municipal, com melhoria na gestão e na eficiência da prestação de serviços. É uma responsabilidade ampliada, com o acompanhamento de todas as secretarias e suas metas", minimizou o prefeito. "Semeghini será um curador para que essas metas sejam cumpridas no prazo e forma esperados", reforçou.

Mais trocas

Nos anúncios de hoje, além dos novos postos de Bruno Covas e Claudio Carvalho, foram anunciados também Eduardo Castro na secretaria do Verde e Meio Ambiente --posto que era ocupado pelo vereador Gilberto Natalini (PV), exonerado em setembro -- e Milton Persoli, que estava na CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e se tornou adjunto das Prefeituras Regionais.

Persoli foi para a vaga que era ocupada por Fábio Lepique, braço direito de Covas exonerado semana passada em meio às críticas sobre a zeladoria urbana.

Doria pediu à militância aplausos a Lepique, a quem considerou "pessoa de bem, nenhuma crítica a ele".

"Nada, não houve nenhum desagrado. Temos que ter ouvidos muito ligados e melhorar ainda mais", disse o prefeito.