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Ex-assessor diz à PF que contava dinheiro vivo a pedido de Geddel

Investigações que encontraram R$ 51 mi em dinheiro num apartamento que estaria sob responsabilidade de Lúcio e Geddel. - Divulgação
Investigações que encontraram R$ 51 mi em dinheiro num apartamento que estaria sob responsabilidade de Lúcio e Geddel. Imagem: Divulgação

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

07/11/2017 15h55

Assessor parlamentar que trabalhou com o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) e com o ex-deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), Job Ribeiro Brandão afirmou, em depoimento à Polícia Federal, já ter contado cédulas de dinheiro, em envelopes que continham de R$ 50 mil a R$ 100 mil, a pedido de Geddel.

O assessor dos irmãos Vieira Lima foi preso no curso das investigações que encontraram R$ 51 milhões em dinheiro num apartamento em Salvador que estaria sob responsabilidade de Lúcio e Geddel.

A Polícia Federal encontrou impressões digitais de Brandão nos sacos plásticos que envolviam as notas. Impressões digitais de Geddel e de um aliado do peemedebista também foram encontradas nos sacos plásticos.

O dono do apartamento, Silvio da Silveira, afirmou à Polícia Federal que entregou as chaves do imóvel a Lúcio Vieira Lima. O deputado federal teria pedido o apartamento emprestado com o argumento de que precisava guardar documentos da família.

Geddel teve a prisão preventiva decretada por ordem do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin.

Job Brandão prestou depoimento à Polícia Federal em 19 de outubro, em Salvador. O documento com as declarações foi anexado ao processo no STF (Supremo Tribunal Federal) que investiga a participação de Lúcio Vieira Lima no episódio.

Em seu depoimento, o antigo assessor dos Vieira Lima afirma que recebeu de Geddel dinheiro em envelopes pardos para que ele contasse o valor. As somas giravam em torno de R$ 50 mil a R$ 100 mil, segundo Brandão.

Ele afirmou que os pedidos passaram a ter maior frequência a partir de 2010 e costumavam ser feitos num apartamento da mãe de Geddel, em Salvador, num gabinete reservado.

Job Brandão disse não saber qual a origem ou a destinação dada ao dinheiro contado por ele, e também afirmou não ter conhecimento sobre o apartamento onde foram encontrados os R$ 51 milhões.

No depoimento, Brandão diz nunca ter recebido dinheiro de Lúcio nessas circunstâncias.

O ex-assessor disse também ter manuseado dinheiro de um posto de combustíveis ligado à família de Geddel. Nessas ocasiões, ele disse que o dinheiro era contado e em seguida depositado no banco.

Geddel é investigado pelo recebimento de propina por parte de empresários em troca de facilitação ou liberação de créditos da Caixa Econômica Federal, banco no qual ele foi vice-presidente de Pessoa Jurídica durante parte do primeiro governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

 Job Brandão foi demitido do cargo de assessor após ser envolvido na investigação e ter a prisão domiciliar decretada pelo ministro Edson Fachin. Brandão disse trabalhar com a família Vieira Lima há 28 anos, tendo sido assessor do pai de Geddel, Afrísio Vieira Lima, e do próprio Geddel durante os mandatos do ex-ministro como deputado federal.

Segundo o delator Lúcio Funaro, Geddel teria recebido ao menos R$ 20 milhões em propinas. Funaro disse que o ex-ministro recebia dinheiro em malas entregues pessoalmente por ele.

Os advogados do ex-ministro e de Lúcio Vieira Lima têm afirmado que eles jamais participaram de qualquer esquema ilegal em órgãos públicos.

A defesa dos Vieira Lima ainda não se manifestou sobre a suposta relação deles com o dinheiro e tem dito que irá se pronunciar após ter acesso à íntegra dos autos da investigação.