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Presidente do TRF4 diz crer que Lula será julgado antes da eleição: "interesse da nação"

O desembargador federal Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz - Sylvio Sirangelo/TRF4
O desembargador federal Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz Imagem: Sylvio Sirangelo/TRF4

Vinicius Boreki

Colaboração para o UOL, em Curitiba

10/11/2017 22h28

“Não há nenhuma pressão. A opinião pública naturalmente tem uma expectativa em um ou outro sentido”, declarou o presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, a respeito do julgamento de um recurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra a condenação em primeira instância a 9 anos e meio de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá.

A afirmação foi dada em um evento realizado em Curitiba para que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin recebesse a comenda Barão do Serro Azul, prêmio concedido pela Associação Comercial do Paraná (ACP). Apesar de rechaçar a pressão, o desembargador disse saber que “teremos as eleições mais importantes dos últimos anos, e o país estará muito vigilante”.

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Lenz descartou que haja uma tentativa de acelerar o julgamento do processo, mas afirmou que o recurso deverá ser julgado até agosto – isto é, em tempo hábil para que a candidatura de Lula à Presidência da República seja impedida em caso de manutenção da condenação.

“Minha expectativa inicial é que até agosto do ano próximo o tribunal já estaria em condições de julgar este processo. É um interesse da própria nação e dos réus envolvidos”, avaliou Lenz.

O desembargador federal João Pedro Gebran Neto, relator do processo na 8ª turma do TRF4, também crê que “talvez seja possível julgar antes das eleições”. Ele ressalta, porém, que não há uma previsão definida para o julgamento.

“O que posso dizer é que o Ministério Público entregou recentemente o parecer dele para mim e agora o processo vai seguir seu andamento normal. Eu vou analisar os autos, oferecer o relatório e encaminhar ao revisor”, declarou.

Por e-mail, o advogado do ex-presidente Lula, Cristiano Zanin Martins, afirmou que o TRF 4 deveria divulgar sua pauta atual "para mostrar transparência e não tentar vincular o julgamento de Lula ao calendário eleitoral".

O evento contou com a presença de personalidades envolvidas na operação Lava Jato, como o procurador Deltan Dallagnol e o juiz federal Sergio Moro. Ambos, no entanto, não quiseram conversar com a imprensa, alegando que se tratava de uma noite de festa para o ministro Fachin.

Troca de comando da Polícia Federal

As personalidades presentes ao evento desta noite também foram questionadas sobre a nomeação de Fernando Segóvia, na última quarta-feira (08), para a direção-geral da Polícia Federal. De maneira geral, elas evitaram comentários mais críticos, mantendo a linha de que cada instituição deve cumprir o seu papel.

Entre risos, Fachin afirmou que “deseja um bom trabalho” a Segóvia. Ele completou: "Cada integrante, em relação a essa operação de repercussão nacional ou mesmo internacional, realiza sua tarefa e cumpre sua missão”, avaliou.

Para Lenz, o fato de o novo homem-forte da PF ter recebido indicações de políticos investigados na Lava Jato não enfraquece a operação Lava Jato.

“É muito cedo para tirarmos esse tipo de conclusão. No ponto em que chegaram essas operações, não acredito que elas sofram algum constrangimento, algum atraso em seu andamento em razão de uma ou outra pessoa”, afirmou.

Para Gebran Neto, trata-se de uma questão administrativa e política adotada pelo governo. “Toda a sociedade tem que acompanhar a política como acompanha a vida pública de um modo geral. O que espero realmente é que as pessoas continuem fazendo seu trabalho num combate sério, sereno e isento da corrupção e das irregularidades”, avaliou.