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Para diminuir violência, é preciso dar emprego e não arma, diz Lula em caravana

Lula no congresso do PCdoB, em novembro  - Mateus Bonomi - 19.nov.2017/Agif/Estadão Conteúdo
Lula no congresso do PCdoB, em novembro Imagem: Mateus Bonomi - 19.nov.2017/Agif/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

05/12/2017 22h09

Em mais uma etapa de sua "caravana" pelos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta terça-feira (5) que a solução para diminuir os índices de violência no Brasil é dar "emprego e salário" em vez de "arma".

"Eles acham que para diminuir a violência é preciso distribuir arma pro povo, eu acho que é preciso distribuir emprego e salário", afirmou Lula durante ato na cidade de Campos, no Norte Fluminense.

Lula também evocou a questão da posse de arma no país ao falar que não daria "fuzil para fazendeiro", mas "terra para trabalhador", ao comentar que já viu "gente falando" em combater o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) --cujo boné usou durante o ato-- fornecendo armas para agricultores.

O uso de fuzis por fazendeiros contra invasões de militantes do MST já foi defendido publicamente pelo deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que tem a liberação do porte de armas entre suas principais bandeiras.

Em pesquisa Datafolha divulgada no último sábado (2), o petista lidera as intenções de voto para a eleição presidencial de 2018 em todos os cenários apresentados aos entrevistados, variando entre 34% e 37%, sempre seguido por Bolsonaro, que flutua entre 17% e 19% nos cenários em que Lula aparece.

Povo fluminense "traído" por políticos

Lula também abordou a atual crise do Estado do Rio, que chegou a ter, ao mesmo tempo, três ex-governadores e o atual presidente do Legislativo estadual atrás das grades. Sem citar nomes, o ex-presidente disse pensar em "como pode o povo do Rio ser tão fantástico, tão alegre e ter sido tão traído na história por seus políticos".

Lula teve alianças, mesmo que intermitentes, com todos os ex-governadores do Rio que foram ou estão presos. A mais estável delas foi com Sérgio Cabral (PMDB), já condenado em três processos da Operação Lava Jato, marcada pela escolha do Rio como sede dos Jogos Olímpicos de 2016 e pela descoberta do pré-sal, promessa de recursos para um Estado cuja economia tem na exploração de petróleo uma de suas principais atividades. 

Com o casal de ex-governadores Anthony e Rosinha Garotinho, a parceria não foi contínua. Lula e Garotinho chegaram a ser rivais na eleição para presidente em 2002, e a relação política entre ambos é repleta de idas e vindas, especialmente em períodos de campanha eleitoral. Mas o petista chegou a declarar solidariedade ao ex-governador quando este foi preso enquanto apresentava seu programa de rádio, em setembro.

Na semana passada, Rosinha deixou a cadeia para cumprir prisão domiciliar. Garotinho continua preso. O casal é investigado por corrupção, concussão (quando o agente público comete extorsão), organização criminosa e falsidade na prestação de contas de campanha.

Caravana e pré-candidatura

Na quinta-feira, Lula deve visitar o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), em Itaboraí, na região metropolitana. As obras do complexo aparecem em diversos casos de corrupção na Petrobrás investigados na Operação Lava Jato. Dirigentes do PT disseram ao jornal "Estado de S. Paulo" que Lula deveria cancelar a viagem pelo Rio para evitar que seu nome seja associado a Cabral e Garotinho.

Com agenda política intensa, o petista espera o julgamento em segunda instância do chamado processo do tríplex, da Operação Lava Jato, que pode determinar a legalidade da sua candidatura presidencial. Em julho, Lula foi condenado pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Sua defesa afirma que foram ignoradas "evidências esmagadoras de inocência" e que não há provas dos crimes citados na sentença.

Não há data para que o caso do tríplex seja julgado no TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região). A Lei da Ficha Limpa lista uma série de crimes cuja condenação em segunda instância torna um candidato inelegível, e um deles é o de lavagem de dinheiro.