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Discussão sobre candidatura fica para 2018, diz Boulos em ato em SP

Guilherme Boulos, líder do MTST, nos bastidores do show que comemora 20 anos do movimento - Marcelo Justo/UOL
Guilherme Boulos, líder do MTST, nos bastidores do show que comemora 20 anos do movimento Imagem: Marcelo Justo/UOL

Guilherme Azevedo

Do UOL, em São Paulo

10/12/2017 15h09Atualizada em 11/12/2017 16h59

No ato deste domingo (10) pelos 20 anos do MTST, com a presença do cantor e compositor Caetano Veloso, o principal líder do MTST, Guilherme Boulos, disse ao UOL que a discussão sobre uma eventual candidatura sua à Presidência da República só acontecerá em 2018.

"Isso não está em debate aqui. 2018 nós vamos discutir em 2018. Temos antes a reação contra a reforma da Previdência e a resolução da ocupação em São Bernardo do Campo", declarou.

Boulos, que é tido como um dos possíveis candidatos pelo PSOL, falou também sobre a projeção do movimento e da busca de apoio: "É preciso quebrar o preconceito. Ninguém ocupa [propriedade] porque quer".

Sonia Braga - Marcelo Justo/UOL - Marcelo Justo/UOL
Sonia Braga foi ao ato do MTST
Imagem: Marcelo Justo/UOL

Nas contas do MTST, são 16 milhões de famílias sem teto e 7 milhões de Imóveis sem uso em todo o país.

A atriz Sônia Braga foi ao ato e defendeu a candidatura de Boulos e afirmou que a discussão sobre eleições no Brasil está "muito atrasada". "Ele é uma pessoa incrível,  sabe se comunicar com todas as pessoas. Isso [a candidatura dele] não é para eu resolver ou para você resolver. É para o Brasil resolver para quem nós vamos voltar."

Sônia trajava uma roupa de sarja verde-oliva. Questionada pela reportagem se estava vestida para a luta, ela respondeu:"Não, não, isso não é figurino. Eu sou assim". E criticou quem se paramenta para ser outra pessoa.

Ela rejeitou a qualificação especial de "artista ". Disse que é apenas uma "cidadã" e que estava ali como cidadã.

Para a atriz, vivemos um momento de retrocesso. "O mundo conquistou muitas coisas nos últimos 60 anos, a liberdade das mulheres, dos negros, e isso está sendo muito ameaçado de retrocesso."

Sobre o fato de estar ali, se manifestando com os sem-teto, Braga disse: "Posso dizer com toda segurança: eu estou do lado certo".

O ato deste domingo é uma das comemorações pelos 20 anos do movimento, que nasceu em 1997 como articulação urbana do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), do qual se desvincularia depois. O MTST tem como uma de suas formas principais de reivindicação a identificação de prédios e terrenos urbanos que não cumprem sua função social de moradia, que, assim, são ocupados.

O ato da Batata culmina também com um processo específico de disputa envolvendo um terreno de 70 mil metros quadrados em São Bernardo do Campo (região do ABC paulista), que o movimento ocupa com cerca de 8 mil famílias há mais de três meses. A área pertence à construtora MZM, que pediu em conseguiu na Justiça a reintegração de posse. Essa decisão ainda não foi cumprida.

Foi nesse terreno ocupado, batizado de Ocupação Povo Sem Medo, que Caetano Veloso tentou se apresentar no fim de outubro, mas foi proibido pela Justiça, que alegou falta de segurança. A disputa pela posse da terra levou o MTST a novas ações e por fim a ocupar a sede da Secretaria Estadual da Habitação de São Paulo na última semana, da qual so saiu na noite da sexta-feira (8), apos garantias de que as negociações vão avançar.

Para o MTST, o modelo de cidade capitalista "joga" o trabalhador pobre para lugares cada vez mais distantes, gerando uma periferia sem serviços e sem oportunidades. É preciso, por isso, transformá-lo.