'Incoerência me afasta da extrema direita', diz pré-candidato em Fortaleza

Apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no passado, o pré-candidato do União Brasil à Prefeitura de Fortaleza, Capitão Wagner, criticou o que chamou de "incoerência da extrema direita". Ele participou nesta sexta-feira (26) de sabatina promovida pelo UOL e pelo jornal Folha de S. Paulo.

O que aconteceu

Capitão Wagner se definiu como um candidato de centro-direita e afirmou que "a incoerência" o afasta dos grupos de extrema direita. O pré-candidato —apoiado por Bolsonaro em 2022— citou o governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos), em São Paulo, como um modelo a ser seguido. "É um governador que foi eleito com essa pauta, com a bandeira do bolsonarismo, mas tem feito uma gestão muito mais preocupada com a técnica do que com a questão extrema ideológica", disse.

Quando Bolsonaro era presidente, deve ter vindo ao Ceará seis ou sete vezes, e os bolsonaristas reclamavam muito porque o [ex] governador Camilo Santana (PT) não ia recebê-lo. 'Como pode o governador do estado não receber o presidente?'. Lula (PT) vai a São Paulo, Tarcísio faz a obrigação institucional dele e recebe o presidente da República, e a gente vê bolsonaristas reclamando. Então, há uma contradição muito grande. Quer dizer que, quando o presidente é de direita e o governador é de esquerda, o governador tem obrigação de receber o presidente, e quando é o contrário, não? Então, essa incoerência que me afasta um pouco. É no que eu divirjo
Capitão Wagner (União Brasil), em sabatina UOL/Folha

Apesar da fala do pré-candidato, Tarcísio tem evitado agendas públicas com Lula em São Paulo, o que já foi alvo de reclamações do presidente.

Instigado a fazer uma comparação entre o atual governo federal e o anterior, Capitão Wagner destacou os avanços da gestão Bolsonaro na área econômica e os da gestão Lula na área social. "Mas não dá para comparar um governo de apenas um mandato, de Bolsonaro, com um governo de dois mandatos e meio, de Lula. Cada um tem o seu mérito e suas falhas", disse.

As propostas

O pré-candidato prometeu, caso eleito, ampliar o número de postos de saúde que ofereçam consultas virtuais à distância. Ele pretende reduzir também o número de secretarias municipais em Fortaleza. "Acredito que há uma dificuldade do prefeito de se reunir com 60 secretários, então a gente quer enxugar esse número de secretarias. Cerca de 20 secretarias é mais do que o suficiente", disse.

O uso de câmeras para o monitoramento de escolas, postos de saúde e áreas públicas consta também do plano de governo do pré-candidato. Ainda na área de segurança, outra proposta é a implantação de um sistema de videomonitoramento, com reconhecimento facial, nos ônibus da capital cearense —o que poderia, na opinião dele, auxiliar na identificação de procurados pela Justiça.

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Capitão Wagner se disse contra o uso de câmeras nos uniformes da Guarda Civil. Ele se comprometeu a acabar com a taxa de lixo —implantada em Fortaleza em 2023. Em outra área, disse que pretende ampliar a tarifa zero no transporte coletivo "até a capacidade financeira do município".

O pré-candidato lidera a corrida à Prefeitura de Fortaleza com 33% das intenções de voto, segundo pesquisa DataFolha, divulgada em junho. Em segundo lugar, empatados tecnicamente, aparecem o pré-candidato à reeleição, José Sarto (PDT), com 16%, e André Fernandes (PL), com 12% das intenções de voto. Eles são seguidos por Evandro Leitão (PT), com 9%; Célio Studart (PSD), com 8%; e Eduardo Girão (Novo), com 5%. A margem de erro é de 4 pontos percentuais.

É a terceira vez seguida que Capitão Wagner disputa a prefeitura. Em 2016 e 2020, foi derrotado no segundo turno. Na última vez, perdeu para o atual prefeito, José Sarto, eleito com 51,69% dos votos válidos. Wagner —à época apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)— terminou o segundo turno com 48,31% dos votos válidos.

Ex-deputado federal, o pré-candidato filiou-se ao Partido da República (PR) em 2009. No ano seguinte, ficou conhecido por liderar uma greve da Polícia Militar contra o governo de Cid Gomes (PSB).

Wagner foi o vereador municipal mais votado de Fortaleza, em 2012, e o deputado estadual mais votado do Ceará, em 2014. Também foi secretário municipal de saúde da cidade de Maracanaú (CE).

A convenção do União Brasil para confirmar a candidatura de Capitão Wagner está marcada para o dia 3 de agosto. No evento, também serão oficializados os nomes dos candidatos a vereador e o de seu vice na chapa.

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Sabatinas UOL e Folha

A sabatina foi conduzida por Diego Sarza, com participações dos jornalistas Carlos Madeiro, do UOL e José Matheus Santos, da Folha de S.Paulo. Na quinta (25), eles entrevistaram o atual prefeito e pré-candidato do PDT à reeleição, José Sarto. André Fernandes, pré-candidato do PL, também foi convidado, mas não quis participar.

A série de sabatinas está ouvindo os principais pré-candidatos de 18 cidades do país. As entrevistas são sempre ao vivo, com transmissão pela Internet, nos sites e nos perfis das redes sociais do UOL e da Folha de S. Paulo.

Além de Fortaleza, já passaram pelas sabatinas pré-candidatos de seis cidades:

Belo Horizonte: com Fuad Noman (PSD) e Rogério Correia (PT);

Salvador: Bruno Reis (União) e Kleber Rosa (PSOL);

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Porto Alegre: Thiago Duarte (União Brasil) e Maria do Rosário (PT);

Recife: João Campos (PSB), Gilson Machado (PL) e Daniel Coelho (PSD);

São Paulo: Pablo Marçal (PRTB), Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes (MDB) e José Luiz Datena (PSDB) e Tabata Amaral (PSB);

Curitiba: Ney Leprevost (União), Eduardo Pimentel (PSD) e Luciano Ducci (PSB).

As convenções partidárias começaram no último sábado (20), e as candidaturas devem ser oficializadas até o dia 5 de agosto. É a data limite, definida pela Justiça Eleitoral, para o término das reuniões. As eleições municipais ocorrem em 6 de outubro, com segundo turno marcado para o dia 27.

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