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Após prisões de aliados, Michel Temer fica em Brasília e se reúne com ministros

Temer conversa com o advogado Antonio Claudio Mariz no Palácio da Alvorada após a prisão de dois amigos  - Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
Temer conversa com o advogado Antonio Claudio Mariz no Palácio da Alvorada após a prisão de dois amigos Imagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Leandro Prazeres

Do UOL, em Brasília*

30/03/2018 12h58

Em meio à crise causada pela prisão de amigos e empresários com os quais tinha ligação, o presidente Michel Temer (MDB) cancelou os planos de passar o feriado da Páscoa em São Paulo. A assessoria de imprensa do Palácio do Planalto confirmou nesta sexta-feira (30) que Temer passará o feriado em Brasília. Há a expectativa de que Temer se reúna com políticos e assessores nos próximos dias para avaliar os impactos das prisões ocorridas na última quinta-feira (29).

Nesta tarde, ele encontrou o advogado Antônio Claudio Mariz. Também foram ao encontro do presidente os ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral), Sérgio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional) e Gustavo Rocha (Direitos Humanos e Subchefia de Assuntos Jurídicos).

Oficialmente, não há reuniões agendadas para o presidente até o domingo (1º), quando o governo deverá avaliar os impactos das prisões sobre Temer e sobre a reforma ministerial.

O governo terá de fazer trocas nos ministérios por conta da saída de alguns ministros que disputarão as eleições deste ano. Os efeitos das prisões sobre os nomes que serão indicados pela base governista ainda são incertos.

Operação prendeu empresários e ex-ministro

A Operação Skala, deflagrada pela Polícia Federal na última quinta-feira prendeu dois amigos do presidente Michel Temer:  o advogado e ex-assessor José Yunes e o coronel da PM aposentado João Batista de Lima.

Além deles, outras 11 pessoas foram presas. Entre elas estão os empresários Antônio Celso Grecco, da empresa Rodrimar, Celina Borges Torrealba, do Grupo Libra, e o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi. 

As prisões aconteceram como resultado do inquérito contra Michel Temer que tramita no STF (Supremo Tribunal Federal) e que apura as suspeitas de que Temer recebia vantagens indevidas de empresas do setor portuário e, em troca, as beneficiava por meio de leis e medidas provisórias.

O ministro Luís Roberto Barroso, do STF, autorizou as prisões no inquérito que investiga a MP dos Portos - Dida Sampaio/Estadão Conteúdo - Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
O ministro Luís Roberto Barroso, do STF, autorizou as prisões no inquérito que investiga a MP dos Portos
Imagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Esquema de portos funcionaria há 20 anos

Segundo despacho do ministro Luís Roberto Barroso, relator do inquérito, há suspeitas de que o esquema do qual Temer se beneficiaria estaria em funcionamento há pelo menos 20 anos

A expectativa é que uma terceira denúncia contra o presidente Temer possa ser apresentada pela PGR (Procuradoria-Geral da República) nos próximos dias. Temer já foi alvo de outras duas denúncias, ambas com andamento suspenso por decisão da Câmara dos Deputados

Na última quinta-feira, ministros e assessores próximos saíram em defesa de Temer. O argumento era de que as prisões não seriam necessárias e que elas tinham o único objetivo de “constranger” o presidente.

O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, voltou a dizer que a MP (medida provisória) dos Portos não beneficiaria a Rodrimar, uma das empresas cuja ligação com Temer é investigada. (*Com Estadão Conteúdo)