Após prisão de Lula, líder petista volta a falar em boicote à eleição
Três dias após a prisão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o líder do PT no Senado, Lindbergh Farias (PT-RJ), reforçou que o ex-presidente continua sendo o candidato da sigla à Presidência, mas que existe no partido um debate em torno da possibilidade de boicotar a eleição deste ano.
“Um caminho --e esse é um debate que existe-- é não participar da eleição. Dizer que a eleição é uma fraude, que eleição sem Lula é uma fraude, é uma farsa, é um jogo de cartas marcadas. Esse é um caminho”, disse Lindbergh em entrevista exclusiva ao UOL na noite desta segunda-feira (9).
A possibilidade de o PT boicotar a eleição surgiu no ano passado, antes da condenação de Lula em segunda instância no caso do tríplex, mas o partido sempre negou que fosse fazer isso. Em entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo", no final de fevereiro, Lula disse que era contra o boicote.
Integrante da Executiva Nacional do PT, que se reuniu ontem na capital paranaense, Lindbergh deixou claro que Lula continua sendo o candidato presidencial do partido, mesmo depois de ter sido preso e do risco de que ele fique inelegível pela Lei da Ficha Limpa.
“É o TSE [Tribunal Superior Eleitoral] que discute ou não a inelegibilidade de um candidato. Primeiro, é o registro, dia 15 de agosto. Vamos registrar [a candidatura de Lula]. Pelo cálculo, pela lei, você pode impugnar um candidato lá para 12 de setembro. Antes disso, começa o programa eleitoral [dia 31 de agosto]. Nós vamos começar com o programa eleitoral do Lula em qualquer circunstância”, afirmou.
O senador, porém, não descartou a possibilidade de o PT apresentar outro candidato, mesmo que este seja de outro partido, no caso de Lula ser impedido de disputar.
“Qual é o outro caminho? Ter um candidato que represente o Lula, que fale pelo Lula ", disse Lindbergh.
Segundo o senador, o nome do eventual substituto de Lula nas urnas “só vai surgir se for no último momento” e será indicado pelo próprio ex-presidente.
“Mesmo que essa pessoa seja de outro partido. Mas acho que o PT tem nomes [além de Lula para disputar a eleição presidencial]. O PT é um partido em que a tendência é ser um nome do PT. Mas a decisão é uma decisão dele [Lula]”, afirmou.
Lindbergh tomou o cuidado de não usar, em nenhum momento da entrevista, a expressão “plano B”, sempre repudiada entre petistas e aliados quando questionados sobre quem substituiria Lula caso ele não possa se candidatar.
O senador não citou nenhum nome, mas já foram ventilados como "planos B" do PT os ex-ministros Fernando Haddad e Jaques Wagner.
Entre os outros partidos de esquerda, os pré-candidatos mais próximos a Lula no momento são Guilherme Boulos (PSOL) e Manoela D'Ávila (PCdoB), que têm sido presença frequente em eventos em defesa do ex-presidente.
De acordo com a lei eleitoral, um partido pode substituir seu candidato até 20 dias antes do primeiro turno da eleição, que este ano acontece em 7 de outubro.
Campanha pela anistia de Lula
Ressaltando que o PT está mobilizado para que Lula deixe a cadeia, o senador disse que a bandeira de uma anistia ao ex-presidente “vai ganhar peso” caso ele continue preso na época das eleições.
“Vamos começar com liberdade, porque a gente acredita que é possível a liberdade do presidente Lula. Mas ela pode mais à frente virar uma campanha pela anistia também. Acho que vários candidatos nesta eleição vão levantar a bandeira da anistia, se ele [Lula] estiver preso até lá. Seria mais um absurdo.”
Uma forma de Lula deixar a cadeia seria com a revisão, pelo STF (Supremo Tribunal Federal), do entendimento que permite a prisão após condenação em segunda instância --assim como outros petistas, o senador disse confiar nesta mudança. Isso pode acontecer já nesta quarta-feira (11), se o Supremo julgar uma ação sobre o assunto.
“Eu me recuso a imaginar que a ministra Rosa Weber, que já votou nisso, invente algum argumento por causa do Lula. Aí é muito casuísmo”, disse Lindbergh.
Na semana passada, ao julgar um habeas corpus que evitaria a prisão de Lula, Rosa Weber votou contra a concessão do recurso, seguindo o entendimento adotado pelo Supremo. No entanto, em 2016, quando a Corte decidiu permitir a prisão após a segunda instância, a ministra foi voto vencido.
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