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Ataque a tiros em acampamento pró-Lula em Curitiba deixa dois feridos; polícia investiga

28.abr.2018 - Manifestantes protestam no acampamento Marisa Letícia, que reúne apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Duas pessoas teriam sido atingidas por tiros efetuados contra o acampamento - Divulgação
28.abr.2018 - Manifestantes protestam no acampamento Marisa Letícia, que reúne apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Duas pessoas teriam sido atingidas por tiros efetuados contra o acampamento Imagem: Divulgação

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

28/04/2018 08h38Atualizada em 28/04/2018 15h04

A direção nacional do PT informou na manhã deste sábado (28) que o acampamento em apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Curitiba, foi alvo de um ataque a tiros por volta das 4h da madrugada. Duas pessoas ficaram feridas. Um homem de 39 anos identificado como Jeferson Lima de Menezes, de São Paulo, foi encaminhado ao Hospital do Trabalhador com um tiro no pescoço, mas de raspão.

Ele chegou a ser internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital do Trabalhador, na capital paranaense, mas, às 15h, estava em observação, fora de risco e sem necessidade de procedimento cirúrgico. A informação é da Secretaria de Saúde do Paraná.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública do Paraná, cápsulas de pistola 9 mm foram recolhidas no local pelos peritos, e um inquérito foi aberto para apurar o caso.

O caso é investigado pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa). De acordo com a assessoria da Secretaria de Segurança Pública do Paraná, o órgão começa hoje à tarde a tomada de depoimentos de testemunhas e da militante Marcia Koakoski, 42, de Xangri-lá (RS), que deve ser a primeira a ser ouvida. Ela ficou levemente ferida ao ser atingida por estilhaços de projéteis que atingiram um banheiro químico do acampamento.

O acampamento está localizado no bairro de Santa Cândida, na capital paranaense, a cerca de 750 metros da sede da Polícia Federal do Paraná, onde Lula cumpre pena de 12 anos e um mês desde o último dia 7. O petista foi condenado no caso do tríplex do Guarujá no âmbito da operação Lava Jato.

O registro desta madrugada aconteceu exatamente um mês após o ataque a tiros contra um dos ônibus da caravana de Lula pelo Sul do país, também no Paraná --no município de Laranjeiras do Sul. A autoria do crime ainda é desconhecida.

Manifestante segura blusa com sangue; duas pessoas teriam sido feridas por tiros disparados contra o acampamento Marisa Letícia, onde estão os apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Curitiba (PR) - Reprodução/Facebook/Frente Brasil Popular - Reprodução/Facebook/Frente Brasil Popular
Manifestante segura blusa com sangue; duas pessoas teriam sido feridas por tiros disparados contra o acampamento Marisa Letícia, onde estão os apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Curitiba (PR)
Imagem: Reprodução/Facebook/Frente Brasil Popular

Pelas redes sociais, a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), afirmou que o militante socorrido ao hospital ficou ferido com gravidade.

“As pessoas passaram várias vezes gritando e se manifestando de forma contrária. Mais de 20 tiros foram dados no acampamento”, afirmou a parlamentar, que destacou que esse não é o primeiro episódio de violência --em menção ao ataque ao ônibus da caravana, em 28 de março. “Isso é resultado desse processo construído de perseguição contra Lula, o PT e os movimentos de esquerda”, lamentou Gleisi.

Manifestante segura blusa com sangue; duas pessoas teriam sido feridas por tiros disparados contra o acampamento Marisa Letícia, onde estão os apoiadores do ex-presidende Luiz Inácio Lula da Silva em Curitiba (PR) - Reprodução/Facebook/Frente Brasil Popular - Reprodução/Facebook/Frente Brasil Popular
Blusa com sangue de ferido em acampamento pró-Lula
Imagem: Reprodução/Facebook/Frente Brasil Popular

Por meio de nota, integrantes da vigília Lula Livre, que integra o acampamento na capital paranaense, repudiaram o ataque e informaram que ele foi registrado por volta das 4h por uma pessoa, não identificada, que foi até o local de carro. Além da vítima baleada, uma segunda teria se ferido, sem gravidade, com estilhaços de tiros efetuados contra os banheiros químicos do acampamento.

“A sorte de não ter havido vítimas fatais não diminui o fato da tentativa de homicídio, motivada pelo ódio e provocação de quem não aceita que a vigília é pacífica, alcança três semanas e vai receber um Primeiro de Maio com presença massiva em Curitiba”, diz a nota, em referência ao ato de centrais sindicais, unificadas, em Curitiba, marcado para o feriado de terça.

Os acampados estavam em torno do prédio da Polícia Federal, onde Lula está preso há três semanas, mas mudaram de lugar --a cerca de um quilômetro-- no último dia 17 por determinação judicial.

“No fundo, é uma crônica anunciada. Desde o dia quando houve a mudança de local de acampamento (17), cumprindo demanda judicial, integrantes do movimento social haviam sido atacados na região. Desde aquele momento, a coordenação da vigília já exigia policiamento e apoio de viaturas, como foi inclusive sinalizado nos acordos para mudança no local do acampamento”, informou a nota da militância.

“Nós desmanchamos o acampamento cumprindo ordem oficial. Fizemos a opção de ir para um terreno e seria garantida a segurança. Agora o que cobramos da Secretaria de Segurança Pública é investigação, que identifique o atirador”, disse, também via nota, o presidente do PT estadual e integrante da coordenação da vigília, o ex-deputado Doutor Rosinha.

Também por nota, a Comissão Executiva Nacional do PT classificou o atentado como "mais um episódio de violência política contra a democracia" e lembrou que ele aconteceu "um mês depois de tiros terem atingido ônibus da caravana Lula Pelo Brasil no interior do Paraná". "Até agora não foram presos os autores dos disparos feitos no mês passado", criticou a executiva.

28.abr.2018 - Manifestantes queimam pneus e bloqueiam rua do bairro de Santa Cândida, em Curitiba (PR), onde está localizado o acampamento Marisa Letícia, que reúne apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Duas pessoas teriam sido atingidas por tiros efetuados contra o acampamento - Divulgação - Divulgação
28.abr.2018 - Manifestantes queimam pneus e bloqueiam rua do bairro de Santa Cândida, em Curitiba (PR), onde está localizado o acampamento Marisa Letícia, que reúne apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Duas pessoas teriam sido atingidas por tiros efetuados contra o acampamento
Imagem: Divulgação

Os militantes do acampamento protestaram contra o atentado por meio de bloqueio de vias e fogo em pneus, no início da manhã. Às 8h, o ato já havia terminado.

DHPP investiga o caso

A Polícia Civil do Paraná começou a coletar imagens de câmeras de segurança no entorno do acampamento

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Paraná informou que, "segundo as primeiras informações, um indivíduo a pé efetuou disparos de arma de fogo contra o acampamento".

"Uma pessoa foi ferida e levada para o hospital. Um tiro acertou um banheiro químico e os estilhaços feriram, sem gravidade, uma mulher no ombro. Peritos da Polícia Cientifica do Paraná, policiais militares e da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil, estiveram no local. Foram recolhidas cápsulas de pistola 9 mm. Foi aberto um inquérito para apurar o caso", resumiu a pasta.