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Polícia Civil de Minas envia equipes para prender ex-governador Eduardo Azeredo

Em foto de arquivo, o ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) - Agência Brasil
Em foto de arquivo, o ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) Imagem: Agência Brasil

Leandro Prazeres

Do UOL, em Belo Horizonte

22/05/2018 18h46Atualizada em 22/05/2018 18h54

A Polícia Civil de Minas Gerais enviou equipes para cumprir o mandado de prisão expedido nesta terça-feira (22) contra o ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB), condenado por envolvimento no esquema conhecido como mensalão tucano. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da Polícia Civil.

O órgão não informou para onde as equipes estão sendo enviadas. Repórteres aguardam a chegada da polícia na frente de um edifício residencial no bairro Serra, área nobre da capital mineira, onde mora Azeredo.

Ainda não há informações sobre em que unidade prisional Azeredo vai iniciar o cumprimento da sua pena de 20 anos e um mês de prisão. A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária informou que o local não foi definido. A rigor, após ser preso, Azeredo deverá ser encaminhado ao IML (Instituto Médico Legal), onde será submetido a exames de corpo de delito. Somente após essa fase é que ele deverá ser encaminhado ao local onde ficará detido.

De acordo com a Polícia Civil, as equipes irão utilizar carros descaracterizados e policiais à paisana durante o cumprimento do mandado.

O órgão disse que Azeredo ainda tem a opção de se entregar voluntariamente em qualquer delegacia.

O advogado Carlos Veloso, que defende Azeredo no STJ (Superior Tribunal de Justiça), disse que, se a Corte rejeitar o habeas corpus que pede que Azeredo não seja preso até que a presidência do TJMG aprecie dois outros recursos ainda na segunda instância, sua equipe deverá recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal).

"Não somos contra a prisão em segunda instância. Somos contra a prisão sem que se respeite o devido processo legal", disse Veloso.

Nesta terça-feira (22), por 5 votos a 0, o último recurso do ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo (PSDB) para evitar a prisão foi negado pela 5ª Câmara do TJ-MG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais).

O tucano foi condenado a 20 anos e um mês de prisão pela sua participação no esquema que ficou conhecido como mensalão mineiro.

Leia mais:

Caso se arrasta há 11 anos

O processo contra Azeredo se arrasta na Justiça há 11 anos. Ele foi denunciado pela primeira vez em 2007, pela PGR (Procuradoria-Geral da República), quando ainda era senador e tinha foro privilegiado.

Em 2014, quando os procuradores pediram sua condenação ao STF (Supremo Tribunal Federal), Azeredo, que há época era deputado federal, renunciou ao cargo, perdendo o foro privilegiado e fazendo com que o processo recomeçasse da estaca zero.

Em 2015, Azeredo foi condenado em primeira instância.

Sua sentença foi mantida em 2017. A defesa do político disse que pretende recorrer para evitar que ele seja preso.

Na última sexta-feira (18), seus advogados impetraram um habeas corpus com pedido de liminar solicitando um salvo-conduto para impedir sua prisão caso o TJ-MG rejeitasse seus recursos nesta terça-feira. 

marcos valerio - Pedro Ladeira/Folhapress - Pedro Ladeira/Folhapress
Valério foi operador do mensalão tucano e do PT
Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Caso é considerado embrião do mensalão do PT

O mensalão tucano é considerado por investigadores como o “embrião” do mensalão do PT. Entre as semelhanças estavam a utilização de contratos publicitários para abastecer uma contabilidade paralela e desviar esses recursos para campanhas e políticos.

Um dos principais atores dos dois esquemas é o publicitário Marcos Valério, condenado pelo mensalão do PT. Em depoimento, Valério disse que o mensalão tucano envolvia diversas outras pessoas.

No último dia 14, a Justiça mineira condenou cinco anos e sete meses de prisão o ex-senador Clésio Andrade (MDB) por crimes relacionados ao mensalão tucano. Em 1998, ele era candidato a vice-governador na chapa de Azeredo. Clésio nega seu envolvimento no caso.