Partido de Bolsonaro já mira prefeitura do "último reduto petista" do Rio
Dono da maior bancada eleita para a Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), com 13 parlamentares, o PSL já planeja lançar o nome do deputado eleito Filippe Poubel para a Prefeitura de Maricá em 2020. Cidade da região metropolitana do Rio, Maricá é considerada "último reduto petista" do Rio --atualmente, é comandada por Fabiano Horta (PT) que sucedeu o presidente estadual do PT, Washington Quaquá.
A cidade é considerada estratégica para a administração estadual por ter a maior arrecadação de royalties oriundos da exploração do petróleo dentre os 92 municípios fluminenses.
Com o PSL de olho no cargo, Poubel foi nomeado vice-líder do partido na próxima legislatura da Alerj a fim de dar notoriedade à sua atuação parlamentar. Poubel admitiu a possibilidade de deixar o cargo para se candidatar à prefeitura de Maricá daqui a dois anos e criticou a gestão petista.
"Eu pretendo fazer de tudo na Alerj para exercer uma oposição ferrenha às pautas de esquerda, sob a orientação [do presidente estadual do PSL] Flávio Bolsonaro. No momento, meu foco é esse. Quanto à possibilidade de ser candidato à Prefeitura de Maricá, é óbvio que não descarto. É a minha cidade, onde fui vereador", afirmou.
Questionado quanto ao fato de o PT estar à frente do município há três mandatos (dois de Quaquá e o atual de Horta), Poubel diz que o resultado das urnas "se deve a políticas populistas e excesso de cargos comissionados distribuídos com interesses partidários".
Procurado para comentar as declarações do opositor, Quaquá afirmou que Poubel "é o próximo a ser batido", lembrou as três últimas eleições municipais vencidas por candidatos do PT e se referiu ao deputado eleito como "um imbecil desqualificado". Poubel não comentou essas declarações.
Fabiano Horta não respondeu aos contatos feitos pela reportagem.
Apoio a Witzel e polêmicas familiares
Filippe Poubel foi eleito deputado estadual com 27.832 votos, sendo o nono candidato mais votado do PSL ao cargo nas últimas eleições. Em 2016, ele foi eleito vereador em Maricá. Na ocasião, concorria pelo DEM.
Em seu mandato na Câmara Municipal, Poubel ficou conhecido pela sua oposição à gestão petista, mas também por polêmicas familiares.
Em 29 de julho, o então vereador foi acusado pela ex-mulher Priscila Jardim Cardoso de agredir a ex-sogra "com um soco na cabeça", conforme registro feito na delegacia de Maricá. De acordo com o relato feito na época, o deputado eleito teria agredido Rosineide Oliveira Jardim, 53, quando ela buscava as netas na casa dele, em um dia de visita.
Na ocasião, Poubel negou a acusação e se disse vítima de uma armação política, já que Priscila seria nomeada em "um dos mais de 6.000 cargos comissionados no município".
Em 4 de setembro, o irmão dele, o policial militar Glauber Poubel, foi preso por agentes da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas por suspeita de integrar uma quadrilha de agiotagem. Glauber foi solto três dias depois e o caso corre em segredo de Justiça. A PM informou que Glauber "está afastado das suas atividades por um problema de saúde, mas responde a processo administrativo aberto pela corporação".
Durante as últimas eleições, Glauber Poubel chegou a fazer campanha pelo então candidato ao governo Wilson Witzel (PSC) em suas redes sociais. Em uma atividade de campanha, o policial chegou a tirar fotos ao lado do governador eleito e se disse inocente.
"Nada foi provado contra essa pessoa [Glauber se refere a si próprio na terceira pessoa]. O Ministério Público entendeu que não tinha nenhuma denúncia contra esse policial aqui, que está há 11 anos na corporação, tem uma vida íntegra, um pai de família", defendeu-se.
Filippe Poubel trata a prisão do irmão como mais uma perseguição. "Aquilo foi uma questão política. A prisão dele foi injusta e feita a um mês das eleições, não por acaso. Tem gente com muito medo de perder a Prefeitura de Maricá. Mas não vou passar a mão na cabeça de ninguém. Eu tenho meu CPF, ele tem o dele. Se fez algum banditismo, tem mais é que pagar", afirmou.
Grampo colocou Maricá no noticiário político
Maricá tem pouco mais de 127 mil habitantes. Conhecido pelas praias e alta arrecadação de royalties oriundos da exploração de petróleo, o município já arrecadou em 2018 mais de R$ 1 bilhão com a atividade, de acordo com dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo).
Mas foi em 2016 que a cidade ganhou projeção nacional no noticiário político. Isto porque o então prefeito do Rio de Janeiro (atualmente no DEM, na época era filiado ao MDB), Eduardo Paes, se referiu à cidade como "merda de lugar" em telefonema ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) divulgado pela Justiça.
Na ocasião, Paes comentava a suposta compra de um sítio de Atibaia, interior de São Paulo, pela qual Lula responde na Justiça. Segundo denúncia do MPF (Ministério Público Federal), Lula teria sido o beneficiário de reformas feitas no local por empresas após beneficiá-las em contratos com a Petrobras obtidos de forma fraudulenta. O ex-presidente nega a acusação.
Candidato derrotado ao governo do Rio, Paes recebeu pouco mais de 7.000 votos na região, ficando em quarto lugar na disputa do primeiro turno, atrás de Marcia Tiburi (PT), Romário (Podemos) e Wilson Witzel (PSC).
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