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Desde a posse, governador de Minas Gerais ficou 18 dias nos EUA

Carlos Eduardo Cherem

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte

23/05/2019 04h00

Desde que tomou posse em Minas Gerais, em 1º de janeiro, o governador Romeu Zema (Novo) permaneceu 18 dias nos Estados Unidos, ou mais de 12% de um total de 143 dias de mandato, completados hoje.

Na última sexta-feira (17), Zema retornou a Belo Horizonte após sua segunda ida aos Estados Unidos, tendo ficado seis dias fora.

Em Nova York, o governador do Novo participou do Lide Brazilian Investment Forum 2019, evento promovido pelo grupo Lide, do governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Os secretários de Fazenda, Gustavo Barbosa, de Planejamento e Gestão, Otto Levy, da Secretaria Geral, Igor Eto, e um ajudante de ordens acompanharam Zema na viagem.

No mês passado, o chefe do Executivo mineiro ficou 12 dias fora do país, visitando três estados norte-americanos para participar de eventos relacionados à educação, à tecnologia e ao desenvolvimento. A estadia durou dos dias 4 a 15 de abril, na companhia de Igor Eto e de um assistente.

Em Boston, Massachusetts, o mandatário participou da Brazil Conference at Harvard & MIT, promovida por empreendedores e estudantes brasileiros residentes lá.

Na Universidade Stanford, no Vale do Silício (Califórnia), Zema acompanhou a Brazil at Silicon Valley, onde discutiu meios de aplicação, nas políticas públicas brasileiras, das diversas inovações desenvolvidas pelo polo tecnológico norte-americano. O evento foi organizado por brasileiros que estudam na universidade.

Em Nova York, o governador esteve na XP Investments Conference Brazil: First 100 Days, em Nova York, em que especialistas e gestores públicos brasileiros debateram economia e os primeiros cem dias do governo Bolsonaro. Sem agenda, Zema voltou ao Brasil três dias depois do final dos eventos, em 15 de abril.

Viagem logo após eleito

Um mês após ser eleito, quando faltava ainda um mês para sua posse, o governador esteve seis dias na Inglaterra, "aprendendo a governar", como definiu em vídeo postado em suas redes sociais.

Zema participou de um curso de gestão na Escola de Governo Blavatnik, da Universidade Oxford, entre os dias 25 e 30 de novembro do ano passado.

Com outros oito governadores brasileiros eleitos, Zema acompanhou o "curso de gestão" promovido pela Fundação Lemann, do empresário brasileiro Paulo Lemann, bilionário que tem participações na Ambev, na Kraft Heinz e no Burger King.

Em vídeo, conclamou os políticos brasileiros a seguirem seu exemplo: "Aprender faz parte da vida. O mundo muda rápido e temos de estar acompanhando".

"Mordomia"

Durante a campanha eleitoral Zema criticou duramente o que ele chamou de "privilégios" e "mordomias" dos governadores mineiros, como o uso de residências, carros e aeronaves oficiais e viagens.

Em seu programa de governo, Zema afirmou que era "preciso revisar o modelo estrutural dos Poderes, exigindo o fim das regalias, por meio de cortes e auxílios exorbitantes, restrição para carros de representação, festas, homenagens e banquetes".

Em 1º de janeiro, por não ter encontrado voos comerciais com horários compatíveis, o governador do Novo deixou de comparecer à posse do presidente Jair Bolsonaro (PSL), por não querer fazer uso da frota aérea do governo mineiro. Ocupando cargo público pela primeira vez, Zema, porém, acabou voltando atrás. Em abril, três meses após o começar a governar, o político do Novo disse que as viagens do governador eram "imprescindíveis".

Há três anos em calamidade financeira e com os salários dos funcionários públicos sendo pagos com atrasos, a previsão é que o governo de Minas Gerais tenha um déficit de R$ 11 bilhões em caixa neste ano.

Classe econômica e voos de carreira

De acordo com a assessoria de Zema, as viagens aos EUA foram oficiais, feitas na classe econômica, em voos de carreira, com o "objetivo de conseguir recursos financeiros e atrair investimentos para o estado".

Em relação à viagem para a Inglaterra, a assessoria informa que "os valores [gastos] não foram custeados pelo estado", sem contudo informar quem bancou o gasto.

Após ser questionado pela reportagem do UOL sobre as despesas, o governo estadual colocou no Portal da Transparência os custos da primeira viagem de 12 dias aos EUA feita por Zema: um total de R$ 11.660 (R$ 9.408 com bilhetes aéreos e R$ 2.252 com diárias).

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