Zema recorre a Doria para manter apoio do PSDB a governo em Minas
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), recorreu ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB), para evitar a saída dos tucanos da base do Palácio Tiradentes na Assembleia Legislativa. A possibilidade de o partido se transformar em independente foi defendida na convenção estadual do PSDB de Minas, no sábado, e tem como um de seus principais defensores o deputado federal Aécio Neves (MG).
Zema telefonou para Doria ainda no fim de semana. Disse que precisava da bancada tucana, que tem seis parlamentares, de um total de 77 deputados estaduais. O governador de São Paulo, hoje o principal nome da legenda no plano nacional, se comprometeu a ajudar.
"O PSDB vai manter seu apoio na base ao governador Romeu Zema. Ele é um homem honesto e decente. Recebeu uma herança maldita do PT, do Fernando Pimentel", disse Doria.
O embate colocou o governador paulista e Aécio em rota de colisão mais uma vez. No último domingo, durante a convenção estadual da sigla em São Paulo, Doria evitou fazer comentários sobre a possibilidade de expulsão do deputado federal. O presidente do partido no Estado, Marco Vinholi, ligado ao governador paulista, defende a expulsão do tucano mineiro da sigla.
Aécio foi governador de Minas por duas vezes, senador por um mandato e candidato à Presidência da República em 2014, quando foi derrotado por Dilma Rousseff (PT). Sob investigação e réu na Lava Jato, o tucano, no entanto, perdeu força política, não conseguiu articular a reeleição para o Senado e acabou se candidatando a deputado federal. Teve 106 mil votos. Na disputa, entre os eleitos, ficou na 19.ª posição.
O PSDB tem um secretário no primeiro escalão do governo Zema - o ex-deputado federal e ex-prefeito de Juiz de Fora Custódio Mattos. O líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado estadual Luiz Humberto Carneiro, também é do PSDB. Ambos não participaram da convenção em Minas.
O presidente do PSDB em Minas Gerais, deputado federal Paulo Abi Ackel, que assumiu o cargo no sábado, confirmou o contato com o governador de São Paulo. "Converso com Doria com muita frequência sobre muitos assuntos e sobre Minas Gerais. E noto que tem preocupação com o Estado. Mas sobre a política mineira e sobre os destinos do partido em Minas, nada foi falado e o governador não se sentiria à vontade para fazê-lo."
O deputado disse que a possibilidade de o partido adotar postura de independência em relação a Zema "não é algo para ontem". "Vamos provocar um debate dentro da legenda. Não podemos ser caudatários de um projeto político de outro partido, que é menor que o nosso", afirmou Abi Ackel.
O governo Romeu Zema não se posicionou sobre a disputa envolvendo o PSDB de Minas e o de São Paulo. A convenção nacional do partido será no dia 31.
Retorno
O principal objetivo de Aécio Neves ao querer ver o PSDB longe do governo Zema é tentar pavimentar um possível retorno ao topo da política nacional, mesmo respondendo a diversos inquéritos na Justiça. Para isso, o tucano precisa, primeiro, voltar a ter expressão no cenário político de Minas.
Na convenção de sábado, o parlamentar foi aplaudido ao discursar, mas nada que destoasse das palmas a outros integrantes da legenda. Também não havia faixas de apoio. De forma oficial, Aécio tem o mesmo discurso do presidente da legenda, de que o partido não pode ser signatário de uma sigla que não tem o mesmo projeto dos tucanos, por isso o melhor caminho seria a independência.
Segundo o deputado, o projeto dos tucanos não é o "ultraliberalismo", conforme disse em sua fala no sábado. A reportagem entrou em contato com a assessoria do deputado e não obteve retorno até a conclusão desta edição. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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