'Hacker' nega ter copiado mensagens de Moro e de outros nomes do governo
Preso sob acusação de ter invadido celulares de centenas de autoridades, Walter Delgatti Neto disse em depoimento à Polícia Federal que não obteve mensagens do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. Ele também afirma não ter acessado contas do Telegram "de qualquer autoridade do atual Governo Federal".
No depoimento, obtido pela TV Globo e cuja veracidade o UOL confirmou junto à PF, Delgatti Neto afirma que não recebeu nenhum pagamento pela entrega das mensagens ao Intercept. Ele negou ter acessado contas especificamente de:
- Paulo Guedes, ministro da Economia;
- Deputada Federal Joice Hasselmann (PSL);
- Magistrados federais Abel Gomes (desembargador) e Flávio Lucas (juiz), que atuam no Rio de Janeiro e julgam processos relativos à Lava Jato.
Nos últimos dias, Guedes e Hasselmann relataram ataques a seus aparelhos de celular.
O confronto de relatos abre caminho para algumas hipóteses, entre elas: Delgatti pode ter mentido; as autoridades podem ter mentido; ou outras pessoas tentaram acessar os celulares.
Além de Delgatti, desde a última terça-feira (23) estão em prisão temporária Gustavo Henrique Elias Santos, Danilo Cristiano Marque e Suelen Priscila de Oliveira. A prisão temporária tem validade de cinco dias, podendo ser prorrogada por mais cinco.
Conta criada em nome de Moro
Apesar de não ter acessado mensagens de Moro, Delgatti afirmou à PF ter criado uma conta no Telegram usando o número do ex-juiz.
Delgatti disse ter conseguido os números de telefone celular de Moro, Gomes e Lucas por meio da agenda do procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná.
Entre 2014 e 2018, quando aceitou o convite para virar ministro do governo de Jair Bolsonaro (PSL), Moro foi o juiz responsável pelos processos criminais da Lava Jato na Justiça Federal do Paraná.
Mensagens enviadas a Glenn
No mesmo depoimento, Walter Delgatti Júnior afirmou ter obtido e mandado para o jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept, as mensagens que estão sendo publicadas pelo veículo desde junho.
Segundo Delgatti, a ex-deputada federal Manuela D'Ávila (PCdoB-RS) foi a intermediária entre ele e Greenwald.
Em nota no Facebook, Manuela confirmou ter sido contatada por anônimo após aviso de que seu Telegram foi hackeado e afirmou ter dado o contato de Glenn Greewald. Ela disse, porém, desconhecer a identidade da pessoa.
À revista Veja, Greenwald disse hoje que não iria comentar o depoimento de Delgatti e que não daria informações que pudessem identificar eventuais intermediários para a recepção das mensagens sem autorização prévia.
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