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Bolsonaro diz que pai quer filho "homem" e filha "mulher"

Ana Carla Bermúdez e Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

07/01/2020 11h45Atualizada em 07/01/2020 14h34

Resumo da notícia

  • Ao lado do ministro da Educação, presidente afirmou que é preciso respeitar a cultura dos pais
  • Bolsonaro disse não ter "nada contra gay" e que "cada um deve ser feliz onde bem entender"
  • Abraham Weintraub afirmou que deu "boa limpada" na lista de livros didáticos e jogou fora "muita porcaria"

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse hoje ao lado do ministro da Educação, Abraham Weintraub, que os pais querem que o filho seja "homem" e a filha, "mulher".

Repetindo um de seus principais motes da campanha eleitoral, Bolsonaro afirmou que a "ideologia de gênero" não deve ser discutida no MEC (Ministério da Educação). O termo é frequentemente utilizado por segmentos da direita que criticam menções a gênero e sexualidade nas escolas e não é reconhecido pelo meio acadêmico.

"Uma parte do eleitorado se simpatizou comigo na pré-campanha e na campanha tendo em vista a educação. Eu não vi discussão sobre ideologia de gênero. Isso, no meu entender, não é mais para ser discutido lá. O pai quer que o filho seja homem, que a filha seja mulher. Coisa óbvia, né? Que respeite a cultura dos pais", afirmou o presidente.

Weintraub concordou com Bolsonaro e disse que os responsáveis pela educação da criança são as famílias. "A escola ensina. A gente ensina a ler, a escrever. Ensina o ofício. A gente espera que a família eduque as crianças."

Bolsonaro promoveu uma transmissão ao vivo em uma rede social ao lado do ministro e de assessores no gabinete presidencial no Palácio do Planalto. Durante a transmissão, eles assistiram a um vídeo de balanço de 2019 do Ministério da Educação.

O presidente fez a live com Weintraub em meio a rumores de uma possível demissão do ministro da pasta. Bolsonaro, no entanto, repetiu a defesa que tem feito do ministro e elogiou a Weintraub.

Para Bolsonaro, após assumir o MEC, o ministro passou a ser alvo de ataques por pessoas que "queriam o pior para o Brasil". "Quando não tem uma sintonia com elas, [elas] atacam", disse o presidente.

Presidente diz não ter "nada contra gay"

Ainda durante a transmissão, ao conversarem sobre livros infantis usados anteriormente pelo governo federal que supostamente estimulariam relações sexuais de forma precoce e edições passadas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), Bolsonaro disse não ter algo contra homossexuais.

"Nada contra gay. Cada um que faça o que bem quiser com o seu ...". Não é possível entender com clareza a palavra que o presidente pronuncia em seguida. "Vai ser feliz onde bem entender", completou.

Sem citar nominalmente Ricardo Vélez Rodríguez, o primeiro ministro a ocupar a pasta da Educação, Bolsonaro disse que faltou "mais malícia" por parte de Vélez "tendo em vista algumas funções que tinham de ser mudadas" dentro do ministério. Em sua avaliação, o MEC contava com muitos funcionários que atuavam como militantes de governos anteriores.

O presidente e o ministro também fizeram críticas aos livros didáticos que foram entregues nos últimos anos pelo governo federal. Sem provas e sem dar nome às obras, Bolsonaro disse que os livros "deseducavam a garotada".

Ministro chama livros didáticos de porcaria

Weintraub disse então ter feito uma "boa limpada" nas obras a serem entregues, mas que, como ainda há contratos em vigor, "ainda vai alguns [livros] que a gente não gosta". "A gente já deu uma boa limpada, já saiu muita porcaria", afirmou.

Também sem dar maiores detalhes, o presidente acusou editoras de terem assinado contratos "milionários" com gestões anteriores do governo, pedindo um "brinde" por "fora".

Ao longo da conversa, Bolsonaro e Weintraub voltaram a fazer críticas a Paulo Freire e aos governos do PT. O presidente e o ministro exaltaram o programa das escolas cívico-militares, promessa de campanha de Bolsonaro.

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