Bolsonaro governa, mas se perder condição, não há o que se fazer, diz FHC
O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso disse hoje, em entrevista para o colunista Tales Faria, do UOL, que o atual presidente Jair Bolsonaro tem uma visão tosca do que representa seu cargo.
O comentário de FHC fez referência a declarações recentes de Bolsonaro de que tinha caneta da mão para fazer decretos contrários ao isolamento social proposto para controlar a disseminação do novo coronavírus no Brasil.
"Ele tem um raciocínio que tem todos os poderes na mão, não é assim...Acho que é uma visão um pouco tosca do que seja a função de um presidente. Ele já tem aprendido um pouco, toda hora ele diz uma coisa ríspida, no outro dia ele se emenda. Há muita gente que prefere: minha vontade é a lei, não é lei", disse.
No entanto, FHC se mostrou cauteloso ao comentar a possibilidade da abertura de um processo de impeachment contra Bolsonaro.
"Eu sempre fui muito cuidadoso em matérias de tirar quem teve o voto. É uma situação delicada. Eu acho que no caso atual, não é de se buscar motivos para criminalizar. Eu não sei se ele ouve as pessoas, se ele tem essa abertura. Eu sou institucional, enquanto ele for presidente ele é o presidente. E se sair tem que ver o vice. Não sei se já chegou o momento para isso", disse.
Na última sexta-feira (27), o ministro Marco Aurélio Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou que a PGR (Procuradoria-Geral da República) analise uma notícia-crime apresentada contra Bolsonaro. A petição, protocolada na Corte no último dia 25 pelo deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG), pede que a Procuradoria promova denúncia contra Bolsonaro devido ao "histórico das reiteradas e irresponsáveis declarações" feitas por ele sobre a pandemia do novo coronavírus.
Para o ex-presidente, o importante agora é que Bolsonaro acalme o povo. Ele ainda comentou a possibilidade de uma renúncia.
"Importante seria que que o Bolsonaro entendesse o papel dele e acalmasse o povo. Eu acho que vai complicar mais ainda um quadro já muito difícil. Quando você renuncia? Quando não tem mais condições de governar. Não acho que seja o caso. Mas sou realista, se tiver um momento que chegar, ele pode renunciar, aí o vice assume", afirmou.
Segundo Fernando Henrique, Bolsonaro deveria ser mais claro em relação à gravidade da pandemia e criar menos crises, como a recente critica ao ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. "Não é uma gripezinha, tem que dizer a verdade", disse.
"A lei permite que ele demite, mas vai fazer isso? Nesse momento? Por que fazer isso? Essa vocação que ele tem para nadar em águas revoltas. Ele disse que é um atleta, acho que é isso, ele cria ondas", completou.
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