'O cara já estava quebrado e quer a nossa molezinha', diz Pedro Guimarães
O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, defendeu que governo deve fazer "ajuste" e evitar auxílio para empresas que já iam mal financeiramente antes da crise do coronavírus.
Durante reunião ministerial de 22 de abril, cuja gravação foi divulgada hoje pelo STF, Guimarães chamou o auxílio de "molezinha".
"Qual que é o grande ponto que a gente tem que evitar? O cara que está quebrado, que já estava quebrado antes, e quer a nossa molezinha", disse.
Guimarães continuou: "Claramente tem que ajudar, eu concordo. Agora, não é para todo mundo não. Aquela empresa que já estava quebrada antes, por que que a gente vai dar molezinha? Então, este ajuste fino é importante, os bancos têm que fazer, por quê?".
Guimarães cita Band e Datena reage
Ao mencionar a questão do auxílio, o presidente da Caixa disse que a Rede Bandeirantes o havia procurado pedindo dinheiro.
"Hoje de manhã por exemplo, o pessoal da Band queria dinheiro: 'O ponto é o seguinte, vai ou não vai dar dinheiro para a Bandeirantes? Ah, não vai dar dinheiro para a Bandeirantes?'. Passei meia hora levando porrada, mas repliquei. E falei: 'Olha vocês tão em casa? Eu tenho trinta mil funcionários na rua. Não tem esse negócio, essa frescurada de home office'", disse ele.
Apresentador da emissora, José Luiz Datena protestou ao vivo, no "Brasil Urgente", enquanto exibia trecho da reunião em que Guimarães citava a empresa.
"E você deu dinheiro para alguém aqui da Band, Pedro, você indique para quem você deu, que com certeza essa pessoa vai ser demitida", disse o apresentador, conforme relatado por Maurício Stycer em sua coluna no UOL.
Prisão por furar isolamento: 'Pegaria minhas 15 armas'
Guimarães também declarou que pegaria em armas caso alguém de sua família fosse detido por furar o isolamento. Durante a reunião, ele mencionou que a mulher do deputado federal Luiz Lima (PSL-RJ), Milene Comini, e a filha do casal, foram detidas no Rio de Janeiro após deixarem a quarentena para irem à praia.
"Que porra é essa? O cara vai pro camburão com a filha. Se fosse eu, ia pegar minhas quinze armas e... Ia dar uma. Eu ia se... Eu ia morrer. Porque se a minha filha fosse para o camburão, eu ia matar ou morrer. Que é isso?"
O caso ocorreu em 21 de abril, um dia antes da reunião ministerial. As duas foram detidas na praia de Copacabana onde praticavam natação. Na ocasião, o parlamentar gravou um vídeo acusando o governador Wilson Witzel (PSC) de perseguição.
Um interlocutor, identificado apenas como "M", ainda questionou o motivo pelo qual Milene não se identificou como esposa de um deputado ao ser abordada pela polícia.
"É, e a esposa do Luiz Lima nem usou o fato de ser esposa de um deputado federal", disse. "Ela foi calada e saiu calada", completou.
Ontem, o blog Olhar Olímpico, do UOL, confirmou que Luiz Lima, Milene e a filha do casal foram diagnosticados com covid-19 depois do episódio. A família realizou o teste para detecção do vírus no início do mês.
A reunião
A reunião ministerial de 22 de abril está no centro de um inquérito aberto no STF, a pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República), para apurar as declarações de Sergio Moro no dia em que pediu demissão do Ministério da Justiça e Segurança Pública. O ex-ministro denunciou uma suposta interferência política de Bolsonaro na Polícia Federal com a exoneração do então diretor-geral Maurício Valeixo.
O vídeo é considerado como uma das principais provas para sustentar a acusação feita por Moro de que o presidente tentou interferir no comando da PF e na superintendência do órgão no Rio, fatos esses investigados no inquérito relatado pelo decano do STF.
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