Tratar opinião como verdade é um dos problemas contra covid, diz Teich
O ex-ministro da Saúde Nelson Teich disse que "opiniões são tratadas como verdades" e que esse é um dos principais problemas durante o combate à pandemia do novo coronavírus. Teich deixou a pasta após menos de um mês no cargo.
"Isso é um problema, principalmente quando vem de pessoas que são referência científica ou referência técnica. Isso aí faz com que a mensagem passada seja de uma certeza que não existe", disse ele em entrevista à rádio Bandeirantes nesta manhã.
Sem citar nomes, Teich também criticou a atitude de políticos e autoridades de saúde que falam sem ter uma informação correta. "O ideal é que as pessoas só fizessem afirmações depois que elas tivessem a informação", afirmou.
O ex-ministro disse ainda que a sociedade continua "com muita incerteza" em relação à covid-19, e criticou os discursos sobre isolamento e distanciamento social.
"Uma coisa que eu vejo hoje, que me parece também pouco baseada em ciência, é quando se discute isolamento e distanciamento social. A gente não tem informação sobre qual é o real impacto sobre o que é um distanciamento social, como é que a gente define isso", disse ele. No período em que comandou a pasta, o ex-ministro afirmou que buscava uma posição sobre o tema e teve um plano de isolamento rejeitado por estados e municípios.
Quando Teich se demitiu da Saúde, as mortes no Brasil estavam em torno de 14 mil, segundo dados oficiais da pasta. Hoje, o país tem 43.389 mortes e 867.882 casos registrados, segundo consórcio de imprensa do qual o UOL faz parte.
Veículos se unem em prol da informação
Em resposta à decisão do governo Jair Bolsonaro (sem partido) de restringir o acesso a dados sobre a pandemia de covid-19, os veículos de comunicação UOL, Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo, O Globo, G1 e Extra formaram um consórcio para trabalhar de forma colaborativa a partir desta semana e buscar as informações necessárias diretamente nas secretarias estaduais de Saúde das 27 unidades da Federação.
O governo federal, por meio do Ministério da Saúde, deveria ser a fonte natural desses números, mas atitudes recentes de autoridades e do próprio presidente colocam em dúvida a disponibilidade dos dados e sua precisão.
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