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PSDB diz não querer atingir candidato A ou B com debate de fim da reeleição

8.ago.2019 - O presidente do PSDB, Bruno Araújo, em hotel em São Paulo - Iwi Onodera/UOL
8.ago.2019 - O presidente do PSDB, Bruno Araújo, em hotel em São Paulo Imagem: Iwi Onodera/UOL

Do UOL, em Brasília

07/09/2020 18h54

O presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, afirmou hoje não querer atingir um candidato específico com o debate sobre o fim da possibilidade de reeleição de presidentes da República e demais autoridades do Executivo que têm direito a tentar continuar no cargo, como governadores. A declaração foi dada em entrevista ao canal CNN Brasil.

"Não estamos aqui, para que não haja nenhuma esquizofrenia, discutindo qualquer direito à reeleição do atual presidente da República ou de todos aqueles que têm direito. Queremos fazer um debate de transição, com tempo necessário, para as eleições de 2022, 2024. [...] Há uma maioria no partido em relação a isso", afirmou.

"Nós queremos fazer isso de forma descontaminada, [para que] ninguém esteja pensando em como dificultar ou facilitar a candidatura de A ou B, de partido C ou D, mas pensar o que é melhor para o país", acrescentou depois.

O tema ressurgiu após o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP) publicar ontem artigo nos jornais O Estado de S. Paulo e O Globo no qual faz uma mea-culpa e classifica a emenda constitucional que permitiu a reeleição como um "erro". No texto, ele afirma ser "preferível termos um mandato de cinco anos e ponto final".

Fernando Henrique foi o primeiro presidente da República a ser beneficiado com a emenda aprovada em 1997 após articulações ao longo de seu primeiro mandato. Reportagem da Folha de S.Paulo da época revelou suposto esquema de compra de votos para a aprovação da mudança.

Segundo Araújo, o mea-culpa de Fernando Henrique é um "exercício de humildade" e o artigo serviu como um "destravamento interno" que "libera o partido moralmente" a se posicionar como preferir.

O presidente do PSDB questionou se um mandato único de cinco anos não seria mais estável do que um de quatro anos com possibilidade de reeleição pelo mesmo período. Isso, porque, segundo ele, governantes podem danificar as contas públicas com gastos visando se manterem no poder.

"Dilma é resultado de sua reeleição. Uma reeleição que extrapolou as contas públicas, que inviabilizou as contas do país para o exercício de seu segundo mandato em 2015, e o resto do filme a gente conhece", falou.

Araújo defende um tempo de transição para eventuais alterações e disse que a discussão não tem como objetivo tirar a oportunidade do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de se reeleger. No primeiro mandato, Bolsonaro dá sinais de que irá se candidatar para um segundo mandato em 2022.

Questionado se o PSDB apoia o fim da reeleição para os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, Araújo afirmou que o partido está discutindo o assunto, mas que isso cabe ao Congresso e é uma "questão de interpretação".

A Constituição prevê mandato dos membros das Mesas Diretoras por dois anos com proibição de recondução ao mesmo cargo em eleição imediata e subsequente.

Uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) pode afetar diretamente os planos dos atuais presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que buscam continuar nos cargos. Araújo chamou ambos de "importantes parceiros".