Ciro diz não se arrepender de viagem no 2º turno e descarta aliança com PT
O ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) disse, em entrevista ao jornal O Globo, que "nunca mais" fará aliança com o PT e que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está "tomado de ódio".
Criticado por parte da esquerda por ter viajado a Paris no segundo turno das eleições de 2018, que tinha como candidatos o agora presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), Ciro disse não se arrepender da decisão.
Pelo contrário. Eu faria hoje com muito mais convicção. Em 2018, fiz com grande angústia. Aquela eleição já estava perdida. Mesmo somando meus votos com os do Haddad, não alcançaríamos Bolsonaro. Lula mentiu para o povo dizendo que era candidato quando todos sabiam que não seria. Manipulou até 22 dias antes da eleição, deixando parte da população excitada Ciro Gomes
Questionado se irá a Paris de novo caso o segundo turno das eleições de 2022 seja disputado por Lula e Bolsonaro, Ciro respondeu que "como brasileiros não podem viajar para a França pela pandemia, nesse caso vou para Tonga da Mironga", uma referência à canção escrita por Vinicius de Moraes e Toquinho.
Ele disse ainda crer que Bolsonaro não será reeleito em 2022. "Isso tem importância grande porque descomprime o eleitor. Parte do eleitorado vota no PT porque não quer Bolsonaro, ou no Bolsonaro porque não quer o PT. À medida que Bolsonaro passe a aparecer como derrotado nas pesquisas, as pessoas vão tentar outra via. Trabalho por um cenário realista no qual Lula e eu estaremos no 2º turno, o que ofereceria ao povo debate de alto nível."
Na avaliação dele, "Bolsonaro administra a pior crise econômica, não tem imaginação e, quando não tem inimigo, cuida de criar. A economia está virando vinagre. O dólar desvaloriza no mundo inteiro, mas, no Brasil, aprecia".
'Tudo o que domina Lula hoje é a vontade de se vingar'
Na entrevista, Ciro ainda relembrou o encontro que teve com o líder petista em setembro do no ano passado, que alimentou a impressão de uma reaproximação. Segundo Ciro, os dois não se falaram mais desde então, "nem por telefone".
Naquela ocasião, estava um extremo azedume entre as nossas militâncias. E o Camilo Santana [governador do Ceará] fez esforço enorme para unificar. Achei que devia colaborar. Mas Lula virou uma pessoa que, o que diz de manhã, já não serve de tarde. Está tomado de ódio. Tudo o que domina Lula hoje é a vontade de se vingar. Lula tem cinismo. A gente faz monitoramento de rede. Eles continuam atacando a mim e a outras pessoas na blogosfera. Lula dá a ordem, eles fazem. Se existe gabinete do ódio com Bolsonaro, com o PT é igualzinho Ciro Gomes
Ele disse ainda ter afeto pelo ex-presidente "mas não admiração porque ele não tem nenhum tipo de escrúpulo ou limite".
Questionado se as críticas não inviabilizariam um eventual apoio petista a ele caso vá para o segundo turno contra um candidato que não seja Lula, Ciro respondeu que o "lulopetismo fanático" não o apoiará e "prefere Bolsonaro".
"E falo isso como alguém que foi contra o golpe de Estado contra Dilma, apesar de ela ter desastrado o país. No Senado, Renan Calheiros e Eunício Oliveira apoiaram o impeachment. Aí, eu parto para cima dessa gente. E, um ano depois, lá está Lula agarrado a eles. E ainda tem quem ache que devo alguma coisa ao PT. Nunca mais faço aliança com eles", acrescentou.
Aliança de presidenciáveis é 'improvável'
O ex-ministro disse ainda não considerar provável uma aliança entre os possíveis candidatos à Presidência que lançaram um manifesto em defesa da democracia, da Constituição Federal de 1988 e contra o autoritarismo. Além de Ciro, o texto é assinado pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM); pelo apresentador de TV Luciano Huck; pelo ex-candidato presidencial em 2018 João Amoêdo (Novo) e pelos governadores tucanos João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS).
"O ideal seria que todo mundo que acha que o lulopetismo e o bolsonarismo não prestam ao país fizesse enorme esforço de unificação para dar ao povo uma via alternativa concreta e produtiva que diminuísse o nível de ódio e paixão. Mas, realisticamente, não é provável. O centro do colapso está na economia, emprego, dívida pública, sistema tributário. E há um conjunto de respostas diferentes nas cabeças das pessoas que você citou. Mas demos um sinal. De que somos capazes de, apesar das diferenças, achar um ponto em comum: a defesa da democracia", analisou.
Questionado sobre quais são os partidos com os quais já conversou, ele citou que com o DEM "há conversa que já deu frutos", lembrando que, com apoio do PDT, que indicou a vice, Bruno Reis (DEM) venceu em primeiro turno a eleição para prefeitura de Salvador no ano passado. "Com o PSD, fomos de apoio ao Kalil em BH e iremos apoiá-lo no ano que vem ao governo de Minas. A nossa tática, do PDT, é agrupar PSB, PV, Rede, como fizemos em muitas cidades em 2020, e expandir aliança para a centro-direita com o DEM e o PSD."
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