Kennedy Alencar: Depoimento de CEO da Pfizer mostra que Wajngarten mentiu
Do UOL, em São Paulo
13/05/2021 18h32
O colunista do UOL Kennedy Alencar disse hoje em participação no UOL News, do Canal UOL, que o depoimento do CEO da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, na CPI da Covid, mostrou que o depoente anterior mentiu na comissão do Senado.
Ontem, a atitude de Fábio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), chegou a provocar uma ameaça de pedido de prisão por parte do relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), por suposto falso testemunho aos senadores.
No detalhamento que Murillo fez hoje de uma reunião de representantes do governo federal e da Pfizer, Kennedy Alencar acredita que o gerente-geral da farmacêutica comprovou que Wajngarten mentiu quanto perguntado sobre o encontro. Na reunião, segundo relato de Murillo, estava presente o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do presidente da República.
O Carlos Bolsonaro é uma pessoa muito influente no governo, agora, não tem cargo no nível federal, é vereador, é indevida a participação dele. O próprio Wajngarten não tinha que estar negociando vacina coisa nenhuma. E o Filipe [Martins], apesar de assessor internacional, não tem que estar lidando com aquisição de vacina. Portanto, é muito grave essa confirmação que o Carlos Murillo fez à CPI hoje, mostra que Wajngarten mentiu.
Kennedy Alencar, colunista do UOL
Quando perguntando sobre a mesma reunião ontem, Wajngarten não citou a presença de Carlos Bolsonaro. Já Murillo usou um relato da diretora jurídica da Pfizer, Shirley Meschke, que estava presente no encontro realizado em 7 de dezembro do ano passado, para confirmar a presença do vereador carioca.
Kennedy Alencar também opinou que a carta da Pfizer ao governo brasileiro que ficou dois meses sem resposta, levada à CPI ontem por Wajngarten, "comprova toda a omissão e desprezo do presidente Jair Bolsonaro e do então ministro da Saúde Eduardo Pazuello em relação à aquisição de vacinas".
Pazuello não estava se reunindo com o pessoal da Pfizer, estava delegando para auxiliares tratativas sobre vacinas, indicativo de que Pazuello não dava importância a essa questão porque Bolsonaro não dava orientação nesse sentido.
Kennedy Alencar, colunista do UOL
O colunista lembra assim outra informação trazida pelo depoimento de Murillo hoje. Quando questionado pela senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) sobre conversas com ministros brasileiros, o CEO da Pfizer disse que elas não aconteceram de maio a novembro de 2020, período em que as tratativas do Ministério da Saúde foram feitas por secretários da pasta.