Ex-chefe do PNI recomendou que governo solicitasse mais dados da Covaxin
Do UOL, em Brasília e São Paulo
08/07/2021 13h52Atualizada em 08/07/2021 18h50
A ex-coordenadora do PNI (Programa Nacional de Imunizações) Francieli Fontana Fantinato avaliou em nota técnica que o governo federal deveria solicitar mais dados de eficácia e segurança sobre a vacina Covaxin, oito dias após a assinatura do contrato. A nota foi citada hoje por Francieli na CPI da Covid.
"Recomenda-se demandar à empresa fabricante o envio dos dados de eficácia e segurança já disponíveis. Recomenda-se ainda questionar o fabricante qual o plano de atualização da vacina, caso venha a se demonstrar redução de eficácia frente ao surgimento de novas variantes", diz trecho da nota técnica.
Francieli ainda ressalta no documento enviado em 17 de fevereiro que a Covaxin não teve dados de eficácia publicados nem foi aprovada para uso pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
"No entanto, considerando-se o atual cenário pandêmico e a necessidade de aceleração das ações de vacinação no país, entende-se que o perfil de risco-benefício é favorável, com elevada possibilidade de impacto positivo na saúde da população", acrescentou.
O senador Renan Calheiros (MDB-AL) comentou sobre o conteúdo da nota técnica. "Só para avivar aqui a memória de alguns que nos acompanham e desta CPI, neste exato momento, o governo estava recusando as ofertas da Pfizer, da OMS e do Butantan. E, no dia 8 de janeiro, surpreendentemente, manda uma mensagem ao primeiro-ministro da Índia pedindo para comprar 20 milhões de doses".
Naquela data, o governo havia anunciado o envio da carta de Bolsonaro a Modi. Mas não foi para tratar da vacina Covaxin, e sim da AstraZeneca, que estava com produção em andamento pelo Serum Institute.
Segundo denúncia do deputado Luis Miranda (DEM-DF), o irmão, servidor do setor de importação do Ministério da Saúde, sofreu pressão atípica para acelerar a contratação da vacina Covaxin, que tem como intermediária no Brasil a empresa Precisa Medicamentos.
As tratativas incluíam pagamento antecipado de US$ 45 milhões a uma offshore que não constava no contrato. Os dois irmãos afirmaram ter denunciado o esquema a Bolsonaro, que teria dito que isso seria "rolo" de Ricardo Barros.