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Josias: De vexame em vexame Aras vai se consolidando como pior PGR

O procurador-geral da República, Augusto Aras, em foto de arquivo - Marcelo Camargo/Agência Brasil
O procurador-geral da República, Augusto Aras, em foto de arquivo Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Colaboração para o UOL

17/08/2021 09h17Atualizada em 17/08/2021 12h16

A investigação do PGR (procurador-geral da República), Augusto Aras, contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pela live em que acusa o processo eleitoral de urna eletrônica de ser inseguro é, para o colunista do UOL Josias de Souza, feito "com atraso de duas semanas".

Em participação no UOL News, Josias avaliou que a apuração é resultado, inclusive, da pressão feita pela ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Cármen Lúcia.

"De vexame em vexame Aras vai se consolidando como o pior PGR. A melhor hora era ter escolhido outro dois anos atrás e a outra melhor hora é agora de rejeitar o nome dele no Senado. Até alguns membros da CPI vão votar a favor da recondução do Aras (para o cargo de PGR)", disse.

"Essa investigação deve ser colocada entre muitas aspas", falou. Segundo o colunista, abrir a averiguação preliminar de possíveis crimes por parte do presidente e dos filhos é uma tática utilizada por Aras.

"O problema é o destino. (As investigações) Acabam no arquivo e não na abertura de inquéritos formais no STF, com PF (Polícia Federal) e tudo que uma investigação séria requer", criticou.

Segundo Josias, a conduta do procurador-geral da República "ameaça o legado de Geraldo Brindeiro, PGR que fazia sumir os problemas do tucanato". Aras, lembrou o colunista, já sofreu alertas de Cármen Lúcia, do ministro Luís Roberto Barroso e do ex-advogado-geral da União Dias Toffoli.

"Aras é o procurador-geral que não procura", afirmou. Alexandre de Moraes, ministro do STF, "foi além e desligou Aras da tomada". Josias ressaltou que a apuração da PGR é aberta quando já existem outras duas investigações, no STF e no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), abertas antes da movimentação do atual procurador.

Alianças de Bolsonaro

Aproximado ao Centrão e deixando o próprio vice-presidente, Hamilton Mourão (PRTB), de lado, Bolsonaro "entregou a alma do governo e a chave da Casa Civil" ao grupo político, segundo Josias.

Na análise do colunista, cada representante do governo, atualmente, tem um propósito claro para Bolsonaro.

Na Casa Civil, Ciro Nogueira é amortecedor. Na Câmara, Arthur Lira opera o semáforo de verde para amarelo para o presidente parar, mas nunca evolui para o vermelho do impeachment, porque tem interesse em ocupar o governo e não derrubar o presidente. Bolsonaro moderado é ilusão de ótica
Josias de Souza

Para Josias, a tentativa de aliança com as Forças Armadas não teve sucesso e os oficiais militares estariam incomodados com o presidente reforçando uma imagem negativa deles. "Bolsonaro trata o país como se estivesse sob grave risco e ele e as Forças Armadas estão para evitar uma crise terminal, mas a crise é o presidente", criticou.

Mourão tem mantido distância e quer se apresentar como uma alternativa, "caso o Centrão conclua que Bolsonaro parou de ser um bom negócio". Com essa postura, o vice "não se confunde com os atos do presidente", avaliou Josias.