Votação sobre kit covid empata no SUS, e tema irá para consulta pública
A Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias ao SUS) decidiu hoje encaminhar para "consulta pública" o protocolo contrário ao chamado "kit covid", composto por medicamentos sem eficácia comprovada contra a doença causada pelo coronavírus
A decisão do órgão consultivo do Ministério da Saúde acontece após terminar empatada em 6 a 6 a votação do novo relatório com diretrizes para tratamento ambulatorial de covid-19. A maioria dos votos contrários (5) é de integrantes da comissão ligados ao governo federal.
No dia 7 de outubro, a discussão do texto, que foi elaborado por um painel com mais de duas dezenas de especialistas brasileiros, a pedido do ministro Marcelo Queiroga, da Saúde, foi retirada da pauta após o coordenador do relatório, Carlos Carvalho, pedir mais tempo para analisar o tema. Ele alegou que novos dados poderiam alterar o resultado do estudo.
A Conitec, porém, chamou atenção de senadores da CPI da Covid, que viram uma tentativa do órgão de agradar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que defende o uso de remédios ineficazes no combate à covid-19, como ivermectina, hidroxicloroquina e cloroquina.
Na última terça-feira (19), um integrante da Conitec, o representante do Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais) Elton da Silva Chaves, prestou depoimento na CPI da Covid e afirmou que a retirada do estudo da pauta no começo do mês foi "uma surpresa".
"Nós nos surpreendemos com a manifestação do doutor Carlos Carvalho. Mas nós solicitamos justificativas plausíveis para o pedido de retirada de pauta", disse à Comissão Parlamentar de Inquérito.
No entanto, o estudo, intitulado "Diretrizes Brasileiras para Tratamento Medicamentoso Ambulatorial do Paciente com Covid-19", ainda não foi aprovado e irá a consulta pública. O documento procura definir os remédios que poderão ser usados nos hospitais públicos ou unidades que estejam vinculadas ao SUS (Sistema Único de Saúde).
Na última semana, o texto do relatório sofreu algumas mudanças, mas manteve a recomendação contrária ao tratamento precoce.
Segundo diversos estudos rigorosos realizados ao redor do mundo, medicamentos que integram o chamado "kit covid" ofertado nas fases iniciais da doença no Brasil já se mostraram inclusive ineficazes ou até mais prejudiciais do que benéficos quando administrados nos quadros leves, moderados e graves de covid-19.
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