Bolsonaro prevê críticas por filiação ao PL: 'todo partido tem problema'

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse hoje, em conversa com apoiadores, que a sua filiação ao PL "está quase certa" e já se antecipou a críticas, dizendo que todos os partidos têm problema.

Ontem, Bolsonaro já havia dito que estava 99% acertado com o PL, comandado por Valdemar Costa Neto. O presidente procura uma sigla para concorrer às eleições de 2022 depois de ver seu projeto de partido próprio, o Aliança pelo Brasil, não prosperar.

"Devo decidir essa semana, tenho que ter um partido... Vão me criticar, 'ah esse partido'... Todos os partidos têm problema, não consegui fazer o meu, que a burocracia cresceu muito, e foi impossível ter um partido", disse.

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Na conversa, que foi transmitida por um canal bolsonarista no Youtube, Bolsonaro ainda disse que no acerto deve priorizar a indicação de candidatos ao Senado Federal em 2022. Recentemente, o presidente tem trabalhado para viabilizar candidaturas de aliados à Casa, como o da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, pelo Mato Grosso do Sul, e do ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, pelo Rio Grande do Norte.

"Está quase certo com PL, tem mais alguma coisa para acertar em um estado ou outro, para a gente partir para as eleições. Vamos priorizar da minha parte o Senado, não quero tudo porque o partido não é meu, tem outra pessoa que fez acordo comigo", disse, sem citar nominalmente Valdemar Costa Neto.

Ex-deputado condenado no escândalo do mensalão, Costa Neto foi criticado mais de uma vez pelo próprio Bolsonaro e por seus filhos no passado. Na segunda-feira, seu filho Carlos apagou um post no Twitter de três anos atrás em que ressaltava uma reportagem mostrando pagamentos de propinas ao então PR, como se chamava o partido na época, e a Valdemar.

Desde que deixou o PSL, em 2019, após desentendimentos com a cúpula da sigla, Bolsonaro tentou criar o Aliança Pelo Brasil, mas o projeto acabou não saindo do papel a tempo.

Bolsonaro também chegou a discutir seu retorno ao Progressistas (PP), partido do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, pelo qual Bolsonaro foi deputado de 2005 a 2016.

Defesa do centrão

Mais tarde, em entrevista ao canal de Youtube bolsonarista Jornal da Cidade Online, defendeu o centrão e chamou parlamentares de "peixes na lagoa". A declaração ocorre em meio à negociação para aprovação da PEC dos Precatórios no Congresso Nacional, essencial para que o Governo viabilize o Auxílio Brasil turbinado para 2022, ano eleitoral.

"O que eu tenho que fazer? Tocar o barco. Se eu ceder, já era. Pessoal critica... Ah, o cara está conversando com o centrão. Quer que eu converse com o PSOL? Com o PCdoB, que não é centrão? Tem 513 deputados e 81 senadores. Essa é a minha lagoa. Esses são os peixes na lagoa, e eu tenho que convencê-los a votar nas minhas propostas. Não tem como sair fora da lagoa", disse.

Bolsonaro ainda lembrou de seu passado em partidos como o PP. "Quando se fala em centrão também... Eu fui do PP por 20 anos. Eu fui do centrão. Bem, essa é a política brasileira. São as condições do estádio, do campo de futebol, que você vai ter que entrar em campo de jogar", disse.

*Com informações da Agência Reuters